São Paulo, sábado, 24 de agosto de 1996 |
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O HOMEM E A MÁQUINA Além das dificuldades naturais a toda tentativa de conjeturar sobre resultados de uma eleição, ainda há outras que, no caso de um país com sérios problemas educacionais como o Brasil, não podem ser desprezadas. A 40 dias dos pleitos municipais, simulações de votação com terminais computadorizados, realizadas pelo TRE na cidade de São Paulo, indicam que uma grande parte dos eleitores submetidos à experiência teria dificuldades de usar as máquinas. A despeito da inegável importância da inovação, há pelo menos uma razão para considerar preocupantes as dificuldades verificadas na simulação. Se na capital do Estado mais próspero da União ainda há confusão no uso da urna eletrônica, tudo indica que em outras partes do país o cenário não será diferente. É, pois, urgente ampliar e intensificar as campanhas de esclarecimento do eleitorado sobre os novos procedimentos de votação, que serão implantados em 57 municípios do país. O despreparo do eleitor também torna ainda mais incerta qualquer tentativa de dar maior nitidez aos cenários dos pleitos. De fato, não são poucas as dificuldades de avaliar com clareza quais candidatos seriam mais beneficiados ou prejudicados pelos erros dos eleitores. Considerando que os integrantes das classes C e D estariam, normalmente, mais sujeitos às dificuldades de adaptação ao novo sistema, tudo indica que serão menos prejudicados pelos erros dos eleitores os candidatos que apresentarem maior homogeneidade de preferência entre as cinco classes de eleitores. Em todo caso, seria irônico (e lamentável) que as oscilações nas percentagens de preferência do eleitorado por um ou outro candidato se devessem mais às dificuldades de interação com o computador do que às naturais mudanças de predileção ao longo das campanhas. Texto Anterior: VÔO RASO Próximo Texto: PROPAGANDA OFICIAL Índice |
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