São Paulo, terça-feira, 27 de agosto de 1996
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Sem-terra não localiza supostos mortos

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARABÁ (PA)

O sem-terra Gilvan Alves da Silva, 20, não conseguiu apontar ontem à polícia o local onde estariam os corpos de três sem-terra supostamente mortos na véspera de um conflito com funcionários da fazenda São Francisco, em Eldorado do Carajás (600 km de Belém).
No tiroteio, na última quinta, um funcionário morreu. Silva ficou ferido e disse ter presenciado o assassinato de três sem-terra, um dia antes do confronto.
Silva acompanhou ontem a polícia na busca dos supostos mortos. A polícia mantém o sem-terra sob forte esquema de segurança. No reconhecimento, ele usava colete à prova de balas, escoltado por policiais também com coletes.
Segurança armada Ontem, sete homens armados com espingardas e revólveres foram enviados pela manhã para guardar a fazenda São Francisco.
Os proprietários esperam ação do Estado desde o dia 9 de julho, quando oficializaram o pedido de reintegração de posse.
Os 90 trabalhadores contratados pelos donos para desmatar uma área da São Francisco abandonaram o trabalho depois do conflito.
"Para evitar vandalismos, meu sócio Vinícius (Pimentel) resolveu contratar os seguranças", disse de Bebedouro (SP) Claudio Nastromagario Jr., um dos donos.
"Ninguém vai caçar sem-terra. Mas também não vamos deixar ninguém destruir nada", afirmou Francisco Santos, chefe dos seguranças. Sete homens ficarão de guarda até a venda de 2.000 cabeças de gado.
"Paramos as atividades. Os posseiros (sem-terra) estavam matando o gado", disse o vaqueiro Manoel da Silva, 23. Ele mostrou ossadas no pasto.
Os vaqueiros esperam ser transferidos para outra fazenda dos mesmos patrões. "Ficar aqui é um risco", disse Silva. "O gado é nossa responsabilidade e permanecemos aqui. Mas não temos mais sossego", afirmou Isaac de Brito, 26. Eles mantêm mulheres e filhos em casas de parentes em Marabá.
A direção do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá nega as acusações contra os sem-terra.
A fazenda está invadida desde o último dia 19 de junho. Segundo o sindicato, são 200 sem-terra. Segundo a polícia, cerca de 50.

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