São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
CNBB pressiona FHC a acelerar reforma
DANIELA FALCÃO
"O que está sendo feito não é suficiente. É preciso apressar a reforma porque ela está evoluindo muito lentamente e, por isso, queremos pressionar o governo", afirmou d. Lucas Moreira Neves, presidente da CNBB. Para d. Lucas, os conflitos no campo só serão resolvidos se a reforma agrária for agilizada. O presidente da CNBB também criticou a inexistência de uma política agrária no país que dê aos assentados condições de aumentar a produção e comercializá-la. "Não basta o governo desapropriar as terras. A igreja quer uma reforma ampla, bem feita, apoiada numa política agrária que permita transformar terras improdutivas em produtivas. Se não for dada aos sem-terra condições de produzir, a reforma agrária não vai dar certo." O porta-voz da Presidência, embaixador Sergio Amaral, afirmou que FHC considerou o encontro "excelente". Segundo ele, o presidente pôde explicar os passos do governo no programa de reforma agrária. O porta-voz disse que FHC não "mencionou" pressão dos religiosos. Antes da reunião, d. Lucas afirmou que a Igreja Católica defende as invasões de terra, desde que não haja violência. "Se as ocupações forem feitas para viabilizar uma desapropriação justa, apoiamos. Mas não pode haver violência em hipótese alguma", afirmou. O presidente da CNBB também alertou para a necessidade de fiscalizar o valor pago pelas terras desapropriadas. "As desapropriações não podem ser feitas por preços astronômicos, fora do verdadeiro valor da terra. Senão, vão virar um negócio." Os sete líderes religiosos entregaram a FHC o livro "Os Pequenos Possuirão a Terra" -cartilha elaborada pelo Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil) para alertar a população sobre a necessidade de se fazer a reforma agrária já. O livro traz textos da Bíblia e reproduz artigos da Constituição que falam sobre o direito à terra. Redigida por um monge beneditino, a cartilha faz críticas à morosidade com que a reforma estaria sendo conduzida e defende a legitimidade das ocupações de terra como instrumento de pressão. O capítulo "Deus e nós queremos a reforma agrária", por exemplo, traz um apoio explícito das sete igrejas cristãs ao MST. Texto Anterior: Funcionário de fazenda pede proteção Próximo Texto: Negros terão comissão Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |