São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Images" é mimo para fãs de Gould

Pacote tem álbum de fotos e dois CDs

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Glenn Gould (1932-1982) ainda não morreu, o que continua sendo uma doce notícia.
A Sony, responsável pelo relançamento em 40 CDs de todas as gravações do pianista nos 27 últimos anos de sua carreira, traz, com "Images", um mimo suplementar para seus admiradores.
Trata-se de um pequeno álbum de fotografias, acompanhado de um CD em que Gould interpreta Bach com seu reputado cerebralismo, e de um outro com interpretações inusitadas para um instrumentista que acreditava que a verdadeira música deixou de existir em meados do século 18.
Gould aposta na capacidade de leitura radicalmente diferenciada ao abordar uma parte do repertório comum a todo grande pianista.
É o caso de sua inusitada visão do rondó, no "Concerto para Piano e Orquestra nº 5" (O Imperador), de Beethoven. A gravação, de 1966, traz a orquestra sob o comando do tradicionalíssimo Stokowski.
Pois há uma singularização, uma separação de cada nota produzida no teclado, como se Gould mantivesse um dos pés no barroco, contrapondo-se à orquestra mergulhada no romantismo.
Mozart, a quem Glenn Gould excentricamente detestava, tem sua "Marcha Turca" (sonata K. 331) tratada com displicência mecânica. O pianista não utiliza o pedal, e seus dedos se despregam das teclas com a mesma leviandade com que nelas se apoiaram.
Quanto ao CD reservado a Bach, a Sony edita uma antologia com trechos das "Variações Goldberg" ou 34 prelúdios do primeiro e segundo livros do "Cravo Bem Temperado", com as segundas mais "ásperas" que as primeiras.

Texto Anterior: Tieta; Sucessão; Júri; De Niro X Hoffman
Próximo Texto: Escritores falam de si em novo programa
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.