São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 1996
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'Bibi' declarou guerra, diz Iasser Arafat

Convocada greve geral

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, disse ontem que o novo governo de Israel, do premiê Binyamin "Bibi" Netanyahu, "declarou guerra" contra os palestinos. Arafat convocou para hoje a primeira greve geral nos territórios sob sua administração em mais de dois anos.
"As violações e os crimes sucessivos deste novo governo de Israel mostram que eles estão declarando um estado de guerra contra o povo palestino", disse Arafat ao Conselho Legislativo Palestino.
Em seguida, o conselho pediu a suspensão dos contatos com Israel. A medida vale para seus integrantes, mas não para Arafat.
"Eles começaram essa batalha. Haverá uma greve geral amanhã (hoje) em Gaza e Cisjordânia por causa de Jerusalém", disse Arafat.
"Na sexta (amanhã), todos os muçulmanos vão à mesquita de Al-Aqsa (em Jerusalém) rezar. Netanyahu deveria saber que ele é um idiota por ter começado a guerra."
Os comentários de ontem foram os mais fortes de Arafat sobre "Bibi". Eles ocorreram um dia depois que Israel anunciou que iria expandir o assentamento de Kiryat Sefer (Cisjordânia) e depois da demolição de um centro comunitário em Jerusalém Oriental. Segundo as autoridades de Israel, o centro foi construído sem permissão.
Após as declarações do líder palestino, Netanyahu disse que vai responder com "severidade" a qualquer tentativa de aumentar a tensão ou a violência.
"Eu evitaria a retórica inflamatória desse tipo. Acho que seria um erro muito grave haver uma escalada da retórica e dos atos, especialmente em direção à violência."
O novo governo já anunciou que pretende ampliar os assentamentos de judeus nos territórios de maioria palestina (Cisjordânia e faixa de Gaza), que foram ocupados por Israel em 1967 e estão sendo aos poucos devolvidos. Os assentamentos judeus tiveram sua ampliação suspensa em 1992.
A demolição do centro comunitário palestino seria uma tentativa de o governo israelense mostrar que tem autoridade sobre Jerusalém oriental, de maioria árabe.
A região é ocupada por Israel desde 1967. Netanyahu diz que Jerusalém é indivisível e que não vai devolver o território. Ontem, Arafat reiterou: "Não haverá Estado palestino sem Jerusalém".

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