São Paulo, sábado, 31 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC critica os "pobres de espírito" no Rio

AUGUSTO GAZIR
ENVIADO ESPECIAL A VOLTA REDONDA

O presidente Fernando Henrique Cardoso chamou ontem de "pobres de espírito" os que pensam ser possível manter o mundo "intocado", não percebendo as transformações da sociedade e sendo contra o processo privatização.
Sem citar nomes, a afirmação foi uma resposta indireta às criticas do ex-presidente Itamar Franco, do presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), e do presidente do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE).
Os três se reuniram na quinta-feira e divulgaram uma nota afirmando estar preocupados com o atual processo de globalização econômica e condenando a privatização da Companhia Vale do Rio Doce.
FHC visitou ontem, em Volta Redonda (sul do Estado do Rio), a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), privatizada em 1993, onde discursou para 2.000 funcionários. Depois, ainda dentro da siderúrgica, o presidente inaugurou uma fábrica de gases atmosféricos da White Martins, que custou à empresa US$ 55 milhões.
Recados
Nos dois discursos que fez durante a visita, FHC exaltou a nova "fase de crescimento" do Brasil, de inserção na economia internacional.
FHC citou a declaração do economista Edmar Bacha, um dos "pais" do plano Real, de que a economia brasileira já cresce em um ritmo de 6% ao ano.
Ele lembrou o plano de metas do governo e mandou, novamente, recados indiretos para Itamar, Sarney, Paes e seus opositores. "Quem pensa com propriedade, pensa olhando para frente. O horizonte é de crescimento. Não adianta pensar no que aconteceu. O que aconteceu já aconteceu."
Para FHC, são "ilusos" os que pensam que é possível alavancar um plano social sem uma base econômica. "Nós não precisamos ter medo da competição. Nós somos competentes, temos tecnologia, trabalhadores capazes e um o governo que é honesto."
Catástrofe inflacionária
O presidente criticou governos passados e disse que também pode cometer erros, "mas não estará errado pelo mal da corrupção nem pela falta de coragem de enfrentar os problemas".
"Depois de uma catástrofe inflacionária, de corrupção, desmandos, incapacidade dos governantes de ter a coragem de olhar cara a cara o trabalhador, hoje o Brasil tem rumo, que vai ser mantido com o esforço de todos."
FHC se disse "reanimado" pela visita à CSN e pelos avanços da companhia. Ele elogiou o ex-presidente Getúlio Vargas, que em 1941 inaugurou a siderúrgica.

Texto Anterior: Total das mudanças entrou em vigor a partir de 90
Próximo Texto: Itamar ameaça não viajar a Washington
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.