São Paulo, sábado, 31 de agosto de 1996
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Reservas externas argentinas têm queda de US$ 787 milhões

Perda em 2 semanas é reação ao clima de incerteza

DANIEL BRAMATTI
DE BUENOS AIRES

As reservas internacionais de divisas da Argentina sofreram uma queda de US$ 787 milhões em duas semanas, como resultado do clima de incerteza em relação ao futuro do pacote fiscal do ministro Roque Fernández (Economia).
O valor representa 4,6% do total de reservas. A queda foi verificada no período que vai do dia 15 até o dia 27 de agosto, segundo informou o jornal "El Cronista", de Buenos Aires.
O pacote foi anunciado no dia 12, em uma entrevista coletiva convocada por Fernández. As medidas, que se limitaram a um aumento generalizado de impostos, não foram bem recebidas pelo mercado, pelo seu efeito recessivo.
Além disso, provocou inquietação a iniciativa do presidente Carlos Menem de modificar alguns pontos do pacote horas depois do anúncio oficial.
Concessões
No dia 15, Menem teve de fazer concessões aos governadores para conseguir apoio para a votação do projeto no Congresso.
No dia seguinte, o mercado recebeu outra má notícia: o rombo nas contas públicas havia chegado a US$ 788,7 milhões em julho, elevando para US$ 3,3 bilhões o déficit acumulado no ano. Uma das causas foi a reforma da Previdência do ano passado.
O aumento da desconfiança em relação à política econômica também pôde ser detectado na movimentação bancária. Os depósitos em pesos caíram 8,5% do dia 26 de julho -data da queda do ex-ministro Domingo Cavallo- até o último dia 16, segundo dados do Banco Central. Já os depósitos em dólares aumentaram 4%.
O índice Merval, de Buenos Aires, está em um nível inferior ao registrado antes da queda de Cavallo. O clima de pessimismo foi reconhecido publicamente pelo vice-presidente da República, Carlos Ruckauff. Menem, por sua vez, disse que o "mau-humor" é uma "invenção da imprensa".
A UIA (União Industrial Argentina), que criticou o aumento de impostos, esperava na noite de ontem boas notícias de Menem, que prometeu reduzir os custos trabalhistas.
O presidente foi convidado para encerrar o encontro anual da entidade.

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