São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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'Vira Lata' revolta pais e religiosos

CRISTINA RIGITANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O mocinho aparece drogado. O herói se impõe na violência e sai com senhoras endinheiradas, em troca de boa vida. Tios e sobrinhos envolvidos em jogos de sedução. As cenas se passam às 19h, na novela "Vira Lata", da Rede Globo.
"Vira Lata" está dando dor de cabeça em muita gente. Alguns pais temem que os personagens influenciem a formação dos filhos. Religiosos, domésticas e promotores públicos também demonstram descontentamento.
Sexo, drogas, corrupção e violência, segundo telespectadores, são rotina na novela de Carlos Lombardi. "Todos têm direito de assistir ou não. Só não aceito que analisem a novela fora do contexto. Quem assiste todo dia compreende. A menção dos fatos não é pecado. Quem considerar a novela ofensiva pode criticar", diz o autor.
Os pais dizem que, além de sair com mulheres ricas por dinheiro, o herói Lênin (Humberto Martins) cria casos que, na vida real, o levariam ao banco dos réus. Para se vingar de fornecedores que boicotaram seu hotel, ele incendiou uma loja, quebrou outra e surrou um comerciante.
No capítulo 110, Lênin quebrou todos os pratos da loja que não forneceu louças ao hotel. No capítulo 111, incendiou a lavanderia que não entregou lençóis. No final, ameaçou a lojista que ia dar queixa à polícia.
O desejo de vingança seria característica dos protagonistas. Fidel (Marcelo Novaes) torturou o diretor do presídio (Élcio Romar), que espancou sua filha, Tatu (Deborah Secco).
Para ganhar a aposta de uma luta de boxe, o diretor corrupto propôs a Fidel que perdesse. Del fecha acordo. Mas, no capítulo 102, volta atrás, sensibilizado por um cheque da tia Laura (Suzana Vieira), que paga para ele vencer.
Fidel leva o adversário à lona e o diretor persegue o desafeto: contrata capangas para espancá-lo e tortura Tatu, para que diga onde está o pai. O mocinho repete o comportamento do vilão e o tortura.
Os pais criticam outra fraqueza de Fidel: drogas. Várias vezes, ele apareceu quase em overdose. "O Del usava droga aos 18 anos. Quebrava a cara. Se regenerou. A droga é mostrada como coisa errada", diz Lombardi.
Outra polêmica envolve Bráulio Vianna (Murilo Benício). Com postura e trajes nada ortodoxos para um promotor, Vianna provocou a ira do Ministério Público.
Sempre sem camisa, ele também vive agarrando sua empregada, Dolores (Thalma de Freitas), e dividiu a cama com a mulher, Helena (Andréa Beltrão), e Lênin, amante dela.

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