São Paulo, segunda-feira, 2 de setembro de 1996
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Reage Serra

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Quinta, "O Rei do Gado".
O senador paulista ("nada que macule a sua folha de serviços de homem público") é pressionado por líderes partidários para ser candidato, mas resiste. Como José Serra.
Dizem que é o único capaz de unir forças, elevando o tempo na televisão para dez minutos. Como José Serra. Dizem que a nação chama, mas ele resiste.
Sexta, "O Rei do Gado". O senador já não resiste tanto, mas está receoso. Já tem plataforma -a reforma agrária.
Sexta, pouco antes, no Jornal Nacional. O ator Carlos Vereza, que faz o senador, dá por acaso com FHC na Globo. Cobra a reforma. O presidente, ao lado de Sérgio Motta, diz que está fazendo.
O ator encerra dizendo, com destaque na edição do JN, "sou favorável à sua reeleição".
Anteontem, sábado, "O Rei do Gado". O senador viaja a São Paulo para conversar sobre a candidatura, onde desabafa, "este país precisa urgentemente das reformas".
Perguntado se quer ser candidato, já admite:
- Eu acredito que possa fazer alguma coisa de útil...
Como, aliás, disse José Serra.
*
Sexta da semana anterior, no Jô Soares Onze e Meia, no SBT. FHC diz, assim por acaso:
- Eu vou votar no Serra, porque ele é o melhor. Ele tem toda uma história...
A semana toda, até ontem, um comercial martelou a declaração e a face do presidente, enfim feliz ao apoiar Serra.
Sábado, horário eleitoral. Serra, ao lado de Sérgio Motta, faz carreata com Gugu Liberato. No palanque, o diálogo:
- No meu tempo, Gugu, a escola pública era boa e com ela eu cheguei até a universidade e tudo. A minha luta é para que a escola pública volte a ser boa.
- E vai voltar. Vai voltar com Serra prefeito! (para a multidão:) Serra! Serra! Serra! Serra! Serra!
Ontem, em comercial, o mesmo Gugu Liberato:
- Desta vez nós temos um candidato sério... É o Serra.
*
Com Globo e SBT no pleito, a escandalosa presença malufista no Programa de Domingo, da Manchete, fica tímida.
Mas lá estava o prefeito, anunciando nova obra:
- Vai ser, para a zona norte, um presente de Natal!
Um presente de eleição.

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