São Paulo, segunda-feira, 2 de setembro de 1996
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Óculos escuros exigem cuidados extras

DA REPORTAGEM LOCAL

Os consumidores, por sua vez, devem aumentar os cuidados ao comprar esses produtos. Óculos de sol com lentes de má qualidade podem causar problemas à saúde.
Atento a esse problema, o Inmetro (Instituto de Metrologia) estuda a criação de um selo para o setor (leia texto ao lado).
A oferta de óculos escuros é ampla. Nas ópticas da capital paulista, os preços variam de R$ 15 a R$ 650.
Os camelôs do centro da cidade vendem por R$ 5 a unidade. A maioria dessas mercadorias provém do Paraguai e possui lente acrílica (de qualidade visivelmente inferior à da lente óptica).
Cuidados
Segundo Newton Kara José, 56, professor de oftalmologia da USP (Universidade de São Paulo), lentes de má qualidade podem causar cansaço, desconforto e irritação da vista, além de dor de cabeça.
A longo prazo, a superexposição aos raios ultravioleta pode ajudar no aparecimento de algumas doenças no olho, como a catarata e a drusa (que costumam ocorrer após os 55 anos de idade).
Catarata causa perda da qualidade de visão em decorrência da opacificação do cristalino (que faz o foco da visão). Drusa é o acúmulo de substância anômala no olho.
Uma forma de proteger os olhos é a utilização de lentes com proteção contra raios ultravioleta. Elas devem bloquear 95% desses raios. A proteção deve ser indicada por meio de selo no produto.
O oftalmologista José Antonio Almeida Milani, 40, diz que os óculos escuros fazem a pupila dilatar pela diminuição da claridade.
Caso não haja proteção, os raios ultravioleta continuam entrando no olho. "Há evidências que o excesso desses raios causa prejuízo, mas não há aferição científica."
Problemas
Para o professor da USP Sylas Fernandes Maciel, 59, lentes escuras de má qualidade não chegam a causar danos permanentes.
"A pessoa vai fazer esforço de acomodação do olho."
Segundo o professor, o principal risco é a exposição maior a acidentes. "A pessoa pode tropeçar com mais facilidade ou calcular errado a aproximação de um veículo."
Remo Susanna Júnior, 47, diretor do serviço de glaucoma do Hospital das Clínicas de São Paulo, desaconselha o uso de óculos escuros por crianças.
Elas possuem a pupila bastante reativa, que controla, portanto, muito bem a entrada de luz no olho. Esse controle apurado vai degenerando com o avanço da idade da pessoa.

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