São Paulo, segunda-feira, 2 de setembro de 1996
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Ocidente falha ao tentar unificar curdos

DA "REUTER", EM ISTAMBUL

A investida iraquiana no norte do país expôs a incapacidade do Ocidente em unir clãs curdos rivais em torno de uma política ocidental para poder governar a região e ter como enfrentar Bagdá, afirmaram analistas políticos.
Como resultado, Washington pode ser forçado a reduzir o uso da zona de exclusão para proteger os curdos, a abandonar cinco anos de buscas por uma oposição iraquiana unida e a ter de procurar novas formas de pressionar o governo de Saddam Hussein.
"Saddam foi capaz de utilizar as divisões que nós sempre soubemos que existiam entre as facções curdas", disse um diplomata ocidental envolvido na política relacionada ao Iraque.
Aliança
Forças iraquianas atacaram a cidade de Arbil e expulsaram a União Patriótica do Curdistão (UPC) em favor do Partido Democrático do Curdistão (PDC).
Logo após o fim da Guerra do Golfo, em 1991, os dois grupos lutaram contra o líder iraquiano. Juntos, formaram a principal oposição ao governo de Saddam Hussein no norte do país.
"É um desastre humanitário para os povos de Arbil e uma tragédia política para a oposição iraquiana", disse um funcionário de um grupo anti-Saddam com escritório em Londres (Reino Unido).
A reaproximação entre Massoud Barzani, líder do PDC, e Saddam reavivou dúvidas recentes sobre o futuro da Operação Providenciar Alívio -lançada de bases americanas, britânicas e franceses na Turquia contra o norte do Iraque para expulsar os caças iraquianos.
A operação, cujo objetivo inicial foi reduzir o fluxo de refugiados curdos que deixavam o Iraque, nunca foi popular na Turquia.
Nacionalistas turcos vêem a operação como uma violação da soberania. Outros apontam um vácuo de poder na região, explorado pelos curdos da Turquia, que há 13 anos lutam por independência.
Após o fim da Guerra do Golfo, a Otan (aliança militar ocidental) colocou as minorias curda no norte do país e xiita no sul para protegê-los de Bagdá.
"Temos de nos perguntar: quem protegemos? Se o PDC se aliou a Saddam e está contra seus companheiros curdos, para que as forças ocidentais?", disse um diplomata.

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