São Paulo, segunda-feira, 2 de setembro de 1996
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Na lata de lixo?

VALDO CRUZ

Brasília - Fernando Henrique Cardoso entrou de vez na campanha pela reeleição. O presidente que apenas defendia a tese do segundo mandato cedeu lugar ao candidato na semana passada.
Impulsionado pelo PFL, FHC foi à luta, pessoalmente, em busca dos votos para aprovar a emenda que lhe dá o direito de disputar um novo mandato.
Durante jantar com peemedebistas, ele mostrou que partiu para a ofensiva. Sem rodeios, pediu apoio à emenda da reeleição que tramita no Congresso.
O governo, porém, está dividido quanto ao melhor momento para colocar a proposta em votação. A dúvida é se o atual ambiente na política e, principalmente, na economia é o mais propício.
Alguns governistas defendem a votação já -caso dos pefelistas e tucanos. Peemedebistas e pepebistas só querem votar a emenda no ano que vem.
É praticamente unânime entre eles, entretanto, a avaliação de que o governo deve criar um ambiente favorável antes de colocar o assunto na pauta de votações do Congresso.
A idéia desses aliados é que o presidente faça a reforma ministerial e adote medidas econômicas capazes de acelerar o crescimento do país. Aí a reeleição passaria com facilidade, acreditam.
O assunto é acompanhado de perto e com preocupação pela área econômica. A equipe de Pedro Malan avalia que o rombo das contas públicas impede o país de acelerar de vez seu crescimento.
Em conversas reservadas, técnicos da Fazenda revelam o temor de que o Palácio do Planalto ceda às pressões por medidas populistas na ânsia de conseguir votos para aprovar a reeleição.
Aí, comentam, de nada terá adiantado o esforço de hoje. O governo poderá perder o controle sobre a economia, fazendo a inflação crescer novamente.
Será o mesmo que jogar tudo o que se obteve até aqui na lata de lixo.
Isso não significa que a equipe econômica seja contra a reeleição. Apenas acha que este não é o melhor momento para tratar desse assunto. Talvez no final de 97 ou início de 98.

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