São Paulo, terça-feira, 3 de setembro de 1996
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FHC muda discurso e elogia antecessores na Presidência

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de mandar recados para seus antecessores na Presidência, sexta-feira, chamando de "pobres de espírito" aqueles que querem manter "intocado" o passado, o presidente Fernando Henrique Cardoso recuou e pregou ontem a valorização das experiências anteriores como forma de obter sucesso administrativo no presente.
A mudança de discurso ocorreu logo após FHC ter recebido uma crítica indireta do ex-presidente José Sarney (1985-1990), que estava ao seu lado, durante a abertura do Seminário Internacional sobre Finanças Públicas, em Brasília.
"Quero lembrar um provérbio chinês que diz que toda vez que vamos beber água de um poço, devemos lembrar quem abriu o poço", disse Sarney, que momentos antes tinha sido homenageado pelo ministro Pedro Malan (Fazenda) pela criação, há dez anos, da Secretaria do Tesouro Nacional.
"De certo modo, essa cerimônia quebra uma tradição que faz parte da cultura brasileira: sempre gostamos de amaldiçoar o passado para dizer que estamos construindo o futuro", afirmou o ex-presidente, referindo-se a homenagem.
FHC, em seguida, disse que a normalidade -especialmente a econômica e política- só é obtida quando se dá continuidade, e que ele está empenhado nisso.
Na sexta-feira, em Volta Redonda (RJ), FHC havia dito que "quem pensa com propriedade, pensa olhando para frente".
FHC só citou Sarney, mas Malan encarregou-se, antes, de elogiar o ex-presidente Itamar Franco (1992-1994), que "permitiu o Plano Real". Ao saber das críticas de FHC, na sexta-feira, Itamar ameaçou não assumir a representação do Brasil junto a OEA (Organização dos Estados Americanos).
Ao final, Malan pulou o governo Sarney ao citar a trajetória inflacionária, omitindo a superinflação do seu último ano de governo.

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