São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
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Wenders insiste no pioneirismo

AMIR LABAKI
DO ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

Há dois anos, em Cannes, o diretor alemão Wim Wenders adiantava à Folha seu projeto de filme sobre o centenário do cinema.
Disse-me ele então: "Estou finalizando um curta-metragem que fiz com alunos da escola de cinema de Munique, onde me formei. É uma comédia tipo pastelão dedicada aos pioneiros alemães do cinema, os irmãos Skladanowsky".
O curta original foi lançado na Alemanha como acompanhamento de "História de Lisboa", fez sucesso e inspirou dois outros.
Os três pequenos filmes acabaram sendo remontados para dar origem ao documentário ficcionalizado "Os Irmãos Skladanowsky", exibido ontem no Festival de Veneza dentro da mostra "Janela sobre as Imagens".
Entrevista A primeira parte reencena a história dos irmãos Max, Emil e Eugene através dos olhos da pequena Gertrud, filha do primeiro, o verdadeiro inventor do clã, interpretado por Udo Kier.
A segunda metade ilustra uma rica entrevista da irmã de Gertrud, Lucie Hurtgen-Skladanowsky, 92, com trechos ficcionais que principalmente remontam o célebre programa de seis filmetos lançados no Wintergarten berlinense.
Propaganda nazista
O problema é que o filme acaba por insistir várias vezes no polêmico pioneirismo, tornando os Skladanowsky como que heróis injustiçados, acossados por espiões.
Wenders e alunos acabam assim ressuscitando uma tese ultrapassada, muito cara à propaganda nazista, como lembrou em recente passagem por São Paulo o insuspeito historiador alemão Walter Schobert. Para além de sua aparente leveza, eis um filme a se ver com cuidado.

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