São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996
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Covas usa contrato considerado irregular

Governo tucano usa documentos de Quércia

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Para reiniciar obras do metrô antes das eleições, o governo do Estado decidiu utilizar o mesmo contrato considerado irregular e superfaturado pelo Ministério Público paulista e TCE (Tribunal de Contas do Estado).
A continuação das obras é uma das principais bandeiras da candidatura de José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo. Ex-ministro do Planejamento, o tucano declara-se responsável pela liberação das verbas federais para o metrô.
O governo estadual vai lançar mão do mesmo contrato do ramal Paulista, um dos mais polêmicos do governo Orestes Quércia (87-91), para concluir a linha que liga o Hospital das Clínicas à Vila Madalena e Sumaré (zona oeste).
O TCE, que defende uma nova concorrência para a obra, aguarda apenas o reinício das construções para tentar embargá-las.
É o que informou ontem a assessoria do conselheiro Eduardo Bittencourt Carvalho, autor de um estudo que aponta uma série de irregularidades no contrato.
Na sua auditoria, Carvalho lembra que o contrato do ramal Paulista levou a Procuradoria Geral de Justiça até a pedir a prisão preventiva do ex-presidente da Companhia do Metrô Antônio Sérgio Fernandes (governo Quércia).
Além de favorecimento a empreiteiras e irregularidades na licitação do ramal Paulista, a procuradoria denunciou o registro de superfaturamento de preços.
A parte do ramal inaugurada por Quércia (ligação do Paraíso ao Hospital das Clínicas, com 4,6 km) custou cerca de US$ 989 milhões ao governo, com preço de US$ 215 milhões por km, em valores atualizados, segundo técnicos do TCE.
O custo ficou muito acima dos valores de mercado, segundo levantamento da procuradoria. O metrô poderia ter sido feito pela metade do preço.
Durante a campanha eleitoral do governador Mário Covas, os tucanos atacaram o desperdício e superfaturamento de obras do governo Quércia.
Além do ramal Paulista, o TCE aponta obstáculos também para a continuidade das obras do metrô nas zonas norte e leste.
Auditoria do TCE revela que o governo atualizou os preços nesses contratos (na troca de moeda para o real) de forma a beneficiar empreiteiras. "É um festival de irregularidades", disse Antônio Roque Citadini, responsável no tribunal pela investigação.

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