São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996
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BC quer trocar controle do Bamerindus

VALDO CRUZ; FERNANDO RODRIGUES; SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A diretoria do BC (Banco Central) não pretende socorrer o Bamerindus sem que haja uma mudança no controle acionário da instituição.
Segundo a Folha apurou, o BC resiste a conceder um empréstimo especial ao banco caso o senador José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR) continue como o principal acionista.
A posição final do governo ainda não foi tomada. A diretoria do BC teme alguma interferência política. Além de ter sido ministro da Agricultura de FHC, Andrade Vieira contribuiu financeiramente para a campanha presidencial.
Diretores do BC defendem, em conversas reservadas, que o governo só pode liberar recursos dos cofres federais para o Bamerindus na hipótese de Andrade Vieira deixar o controle da instituição.
Representantes do senador paranaense tentam obter do BC uma linha de crédito especial para cobrir o buraco de caixa do Bamerindus.
Hoje, o banco toma empréstimos na Caixa Econômica Federal de pelo menos R$ 1,1 bilhão ao dia.
Segundo a Folha apurou, o Bamerindus continua insistindo com o BC em uma saída que não leve à perda do controle acionário por parte de Andrade Vieira.
O grupo que controla o banco pode entregar parte de seus ativos -bens e créditos- para obter o empréstimo do BC.
Juros
A linha de crédito disponível no BC mais adequada para o Bamerindus cobra uma taxa de juros anual entre 27% a 28%.
Esse empréstimo foi criado para socorrer instituições com problemas de caixa, mas que não tenham patrimônio líquido negativo, isto é, não estejam quebradas.
O presidente do BC, Gustavo Loyola, disse ontem que o custo anual do "Empréstimo Especial de Médio Prazo" pode ficar entre 27% e 28% ao ano -o equivalente a TBAN (Taxa de Assistência do Banco Central) mais 2% ao ano.
Ele explicou que essa linha foi criada em março de 89 e depois sofreu algumas modificações.
Na última reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), em agosto, foi alterado o custo dessa linha especial, que era TBC (Taxa do Banco Central) mais 4% ao ano.
A resolução do CMN que criou essa linha de crédito diz que o valor do empréstimo será definido em função da necessidade da instituição financeira e das garantias oferecidas.
O prazo é de 90 dias, mas renovável a critério do BC. O empréstimo de médio prazo exige apenas que o banco apresente um plano de reequilíbrio financeiro.
A estratégia do Bamerindus para sair da posição de devedor no mercado interbancário é, justamente, ter acesso a uma linha de crédito de médio prazo em garantia de alguns de seus ativos.
O banco quer se desfazer de sua carteira imobiliária, que chegou a ser avaliada pela CEF (Caixa Econômica Federal) em R$ 1,7 bilhão, e da Inpacel, empresa de celulose.
(VALDO CRUZ, FERNANDO RODRIGUES e SHIRLEY EMERICK)

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