São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996
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Uso interno; Poluentes; Preocupação; Informação sonegada; Excesso de boas intenções

Uso interno
"Com relação à reportagem 'Obras prioritárias obtêm só R$ 232 mil', publicada em 3/9, gostaria de informar que não contesto os dados nela contidos. No entanto, trata-se de uma nota técnica para uso interno da comissão, cuja apreciação, por parte de seus membros, ainda não ocorreu."
Sarney Filho, deputado federal (PFL-MA), presidente da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional (Brasília, DF)

Poluentes
"Sobre a manchete de primeira página 'Rodízio acaba sem atacar pior poluente' e a reportagem 'Operação Rodízio ataca poluente errado' (31/8): a Cetesb vem desenvolvendo programas visando o controle de monóxido de carbono, partículas inaláveis e de ozônio, uma vez que as concentrações de dióxido de enxofre estão sendo mantidas, há mais de oito anos, abaixo do padrão legal de qualidade.
As concentrações dos dois primeiros poluentes, no entanto, têm ultrapassado frequentemente os respectivos padrões legais, atingindo nos meses de inverno níveis que poderiam desencadear episódios críticos.
A Operação Rodízio ocorreu apenas no mês de agosto porque a lei específica que a estabeleceu foi aprovada somente em meados de junho.
A Cetesb estabeleceu como uma das metas de seu Plano de Controle da Poluição do Ar na Região Metropolitana de São Paulo a redução, até dezembro de 1998, das concentrações de fumaça (partícula inalável carbonácea) para níveis inferiores aos padrões primários nacionais de qualidade do ar (150 mg/n.m3).
Atualmente as concentrações desse poluente atingem em média 250 mg/n.m3, sendo os veículos a diesel a sua principal fonte.
Os dados técnicos fornecidos pela Cetesb não foram utilizados adequadamente para elaboração do gráfico 'Qualidade do ar inadequada aumenta durante a Operação Rodízio', pois: 1) comparou-se a qualidade do ar em dois momentos, sem que as condições meteorológicas tivessem sido levadas em conta; 2) pretendeu-se aferir a Operação Rodízio, que visou o controle de apenas um poluente, com índices gerais que levam em conta todos os poluentes; 3) esqueceu-se de considerar o aumento significativo do número de aparelhos de medição da poluição do ar; e 4) a análise oficial da Cetesb que mostra situação oposta à apresentada foi omitida na reportagem.
Não há estudo ou relatório da Cetesb indicando que a Operação Rodízio deveria envolver restrições a caminhões e ônibus, objetivando redução de partículas inaláveis na atmosfera, conforme mencionado na reportagem."
Nelson Nefussi, diretor-presidente da Cetesb -Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (São Paulo, SP)

Preocupação
"Tendo lido o artigo 'Um canteiro de idéias para a educação', de autoria do governador Jaime Lerner, publicada na edição de 1º/9, na seção 'Tendências/Debates' deste jornal, nós, como membros do Conselho Estadual de Educação, não podemos nos omitir de encaminhar a posição tomada por este colegiado, por meio da proposição nº 03/96, já encaminhada ao excelentíssimo senhor governador do Estado, solicitando a atenção de sua excelência para uma necessária reavaliação.
O CEE-PR reconhece elementos positivos na iniciativa: ótimas instalações, alguns bons conferencistas e o despertar dos professores para o leque mais amplo da cultura humana em suas diversas manifestações.
No entanto, expressa sua preocupação, compartilhada por amplos setores acadêmicos e docentes, com referência a dois aspectos:
1) quanto ao perfil e ao conteúdo pedagógico-filosófico do projeto. Concebido para atender a uma clientela empresarial, foi adaptado aos professores; no entanto seu conteúdo, incidindo em elementos da atual conjuntura cultural (pós-moderna), dá ênfase à emoção coletiva, à afetividade e à cultura oriental, com excessivo privilegiamento da subjetividade sem maior vinculação social.
Entende este colegiado que faz-se necessária uma clara visão crítica do atual momento cultural e político, das condições de classe e da exclusão social, típica das políticas neoliberais em época de globalização, com sua incidência nas políticas educacionais.
2) Quanto aos vultosos recursos destinados ao projeto, o CEE faz um questionamento ético, na medida em que a iniciativa é administrada por empresa privada, ficando descartados os préstimos das universidades públicas estaduais."
Regina Luzia de Buriasco, do Conselho Estadual de Educação do Estado do Paraná, seguem-se mais seis assinaturas (Curitiba, PR)

Informação sonegada
"Como membro do Conselho de Colaboradores de "Praga, Revista de Estudos Marxistas", manifesto minha satisfação em ver noticiado o próximo lançamento da revista.
No entanto, por razões que ignoro, o autor da reportagem omite o fato de que, desde 1994, a editora Brasiliense publica a revista 'Crítica Marxista'.
Como se sabe, o nº 3 de "Crítica Marxista" -cujo Conselho Editorial é também constituído por professores de renomadas instituições universitárias do país- foi lançado na Bienal do Livro.
Embora desconheça, posso perfeitamente imaginar as razões (e motivações) que fazem o sr. Fernando de Barros e Silva -de forma sistemática e deliberada- sonegar a informação acima ao seu seleto e refinado público leitor."
Caio Navarro de Toledo, editor de "Crítica Marxista" (Campinas, SP)

Excesso de boas intenções
"Existem tantos candidatos a vereador prometendo tirar as crianças da rua que, se cada um cuidasse de uma única criança dessas (e não precisa ser vereador para isso), o Brasil precisaria importar crianças pobres da Bolívia e do Paraguai.
As que temos aqui não seriam suficientes."
Carlos Alexandre Gomes (São Carlos, SP)

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