São Paulo, sábado, 7 de setembro de 1996
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Motta convence PSDB a discurso popular

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O PSDB paulistano decidiu jogar o futuro da candidatura José Serra à prefeitura nas próximas duas semanas.
O partido atua em várias frentes. O chamado "esforço arrecadatório" foi decretado para que se garantam os recursos necessários à manutenção da cara e agora presente campanha de rua de Serra.
Na outra ponta, os tucanos -com o ministro Sérgio Motta também no comando- conseguiram convencer o candidato a popularizar de vez a campanha, de olho nos votos que a periferia da cidade destina atualmente a Celso Pitta (PPB).
Hoje, por exemplo, Serra, o governador Mário Covas e o apresentador de TV Gugu Liberato vão participar de uma "cavalgada" do parque da Aclimação até o Museu do Ipiranga. No comando, "Asa Branca", um dos mais famosos locutores de rodeio do país.
Os tucanos vão passear de charrete. De uma semana para cá, o palanque de Serra já abrigou, além de Gugu, o palhaço Tiririca e um dissimulado striptease de Luiza Ambiel, a "garota da banheira" do programa de TV de Gugu.
A avaliação do PSDB é que Pitta começa a ser minado na classe média, ainda em tempo de o resultado espalhar-se para os mais pobres.
Luiza Erundina (PT), no entender da cúpula tucana, não tem mais espaço para crescer e mesmo a manutenção de parte de seus votos atuais dependeria do fôlego financeiro da campanha petista.
Todo o esforço é para que, em duas semanas, Serra possa adotar de vez o discurso do voto útil antimalufista, ou seja, que ele seria o único candidato com chance de, num eventual segundo turno, derrotar Pitta.
Governo
A permanência de Motta em São Paulo nos últimos dias também rendeu à campanha de Serra maior espaço na mídia eletrônica. As críticas do ministro a Maluf, feitas no programa "Jô Soares Onze e Meia", do SBT, foram amplamente repercutidas em emissoras populares de rádio, que até a atual eleição formavam um reduto fiel de Maluf.
Serra nega que a máquina do governo esteja trabalhando para sua campanha. Nem aceita a interpretação de que liberações de verbas federais, como as que segunda-feira serão destinadas para o metrô, tenham a ver com o calendário eleitoral.
"Nunca critiquei inauguração de obras da prefeitura. O país não pode fechar para balanço em época de eleição", afirmou.
O candidato defendeu ainda o contrato que vai assegurar a conclusão da linha do metrô que liga o Hospital das Clínicas à Vila Madalena e Sumaré (zona oeste).
O conselheiro Eduardo Bittencourt Carvalho, do Tribunal de Contas do Estado, aponta irregularidades no contrato, incluindo suspeita de superfaturamento.
"O governo Covas é honesto, e o preço vai cair", declarou Serra. O candidato acrescentou que só há restrição ao contrato de construção de uma das linhas.

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