São Paulo, sábado, 7 de setembro de 1996
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Favorito vem para mostra de São Paulo

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

Veneza-96 pode encerrar a espera e concretizar a vitória num grande festival do cineasta britânico Ken Loach, 60.
"Carla's Song", seu drama romântico sobre o envolvimento de um escocês com uma sandinista, é um dos principais favoritos desta 53ª Mostra Internacional de Arte Cinematográfica de Veneza e tem estréia no Brasil confirmada para a 20ª Mostra de Cinema de São Paulo, em outubro próximo.
O diretor de "Terra e Liberdade" deve voltar hoje ao Lido veneziano para receber o Leão de Ouro ou, no mínimo, um dos grandes prêmios.
Pouco antes de deixar Veneza no meio da semana, Ken Loach concedeu no Hotel des Bains uma entrevista à Folha e a quatro jornais europeus. Leia abaixo uma síntese do encontro.

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Folha - "Carla's Song" reuniu três tipos distintos de atores: um astro americano (Scott Glenn), um ator europeu (Robert Carlyle) e uma estreante nicaraguense (Oyanka Cabezas). Como foi a seleção?
Ken Loach - Começamos com o principal, a intérprete de Carla. Tinha que ser uma nicaraguense. Pesquisamos lá, mas não havia muitos grupos de teatro e nada de cinema. Procuramos então entre as cantoras e dançarinas e fizemos testes. Oyanka se destacou, mas não sabia inglês. Passou então seis meses estudando na Inglaterra.
Bob (Carlyle), com quem havia trabalhado em "Riff Raff" (1991), é um grande amigo e um ator muito sensível e "ligado". Para o papel de Bradley, testamos vários atores nos EUA, e Scott Glenn foi nossa primeira escolha.
Folha - Como foram as filmagens?
Loach - O principal foi termos rodado tudo na ordem cronológica da história do filme. Fomos revelando a trama cena a cena para os atores, visando manter aberto o maior número de possibilidades de encaminhamento com que eles interpretavam cada cena. Sobretudo, é muito difícil interpretar a surpresa. Só Glenn sabia tudo desde o início, pois seu personagem é aquele que sabia tudo sempre.
Folha - Houve problemas na Nicarágua?
Loach - Nada importante. Procuramos ser discretos. Não chegamos berrando: "Vamos fazer um filme sandinista!" (risos).

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