São Paulo, sábado, 7 de setembro de 1996
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Iraque tenta evitar zona de segurança

Para Bagdá, proposta apoiada pelos EUA fere soberania

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Iraque disse ontem que não vai aceitar a criação de uma zona de segurança no norte do seu território, por considerar que a proposta fere a soberania do país. A zona de segurança foi sugerida pela Turquia, para combater os separatistas curdos.
Tropas turcas mataram 26 rebeldes ligados ao separatista Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). O principal incidente foi na Província de Sirnak, na fronteira com a Síria e com o Iraque.
Os turcos usaram o conflito para pedir mais uma vez a instalação de uma zona de segurança. O PKK usa o norte do Iraque como base para incursões em território turco.
Os curdos são uma minoria que habita, entre outros países, o norte do Iraque e o leste da Turquia. Um ataque das tropas do presidente Saddam Hussein contra a cidade curda de Arbil, sábado, fez os EUA lançarem mísseis contra o sul do Iraque e ampliarem a zona proibida a aviões iraquianos.
A chanceler turca, Tansu Çiller, disse que é "absolutamente necessária" a intervenção turca no norte do Iraque, "para proteger a população do sudeste turco de grupos terroristas".
A agência oficial de notícias turca, "Anatolia", disse que o Exército já tem pronto um plano para invadir o norte do Iraque.
A França, que havia se oposto à ação de seus aliados americanos no Iraque, anunciou ontem que é contra a proposta turca.
Os EUA já anunciaram que apóiam a proposta turca da zona de segurança. Ancara diz que ela existiria por um breve período, sem tropas turcas estacionadas.
O secretário de Defesa dos EUA, William Perry, disse que está satisfeito com a retirada iraquiana do norte do país, mas vai continuar vigiando a área, sem excluir a possibilidade de novo ataque.
Apesar do otimismo americano, continuaram ontem os combates entre as facções curdas no norte do Iraque. Lá, o Partido Democrático do Curdistão (PDC), aliado de Saddam, enfrenta a União Patriótica do Curdistão (UPC), pró-Irã. O Iraque atacou Arbil, um reduto da UPC, a pedido do PDC.
O combate está chegando cada vez mais próximo da fronteira com o Irã. Segundo Shorsh Jalalal, um dos líderes da UPC, cinco aldeias sob comando de seu grupo foram atacadas pelo PDC.
O líder da UPC, Jalal Talabani, já disse que vai buscar apoio iraniano caso julgue necessário, o que poderia reiniciar a guerra entre Irã e Iraque. Os EUA admitem que o Iraque, apesar da retirada, mantém agentes entre os curdos.

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