São Paulo, domingo, 8 de setembro de 1996 |
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Tiroteio afugenta moradores
CRISTINA RIGITANO
Até ontem, quatro pessoas haviam sido mortas, três foram feridas e sete presas. O tiroteio da madrugada de ontem foi considerado o maior já ocorrido na área, na avaliação de moradores que tiveram que deixar suas casas nas favelas e passaram a noite nas ruas de Copacabana e Ipanema, bairros que ficam nas entradas dos morros. Bala na cama Balas do tiroteio chegaram a atingir apartamentos nesses bairros. O apartamento de Paulo Maranhão Ayres, 77, foi atingido por uma bala de fuzil a cerca de um quilômetro de distância dos morros. Ayres, coronel da reserva, mora no Leblon e a bala, depois de perfurar uma cadeira na varanda, foi parar embaixo da cama de seu quarto. Antonio Silva, 28, aproveitou a presença de policiais na manhã de ontem para deixar a casa onde morava num dos acessos ao Pavão-Pavãozinho. "Nós somos pobres e estamos buscando a paz para podermos viver", disse ele enquanto preparava a mudança de sua família para Niterói. O comando da PM (Polícia Militar) anunciou que vai intensificar a presença policial nas favelas, colocando cerca de 60 homens permanentemente na área. Ontem pela manhã, cerca de 20 policiais estavam num dos acessos dos morros, mas não entraram na favela. Apoio A polícia acredita que traficantes dos morros do Borel, Mangueira (ambos na zona norte) e Vidigal (zona sul) estejam apoiando o bando do suposto traficante Carlesso Ramos Machado Silva a reconquistar o território perdido há um mês. A quadrilha de Carlesso teria sido expulsa da área por traficantes rivais. Na tentativa de voltar, o bando teria matado as quatro pessoas, entre elas uma menina de 14 anos. A disputa pelo controle de drogas começou na madrugada de quinta-feira. A PM diz que, desde março, 22 policiais do 19º BPM (Batalhão de Polícia Militar), Copacabana, estão ocupando os acessos ao morro. Para a PM, a situação estava sob controle. Entradas bloqueadas Segundo a PM, é impossível entrar nas favelas durante os tiroteios. Os policiais vigiam somente as entradas das duas favelas e se dividem entre a rua Sá Ferreira, Ladeira Saint Roman e estrada do Cantagalo. Enquanto isso, favelados e moradores da vizinhança viveram momentos de terror, sobressaltados pelos tiros. "Isso aqui é uma Bósnia. É tiro de metralhadora, escopeta, fuzil, tudo o que se pode imaginar. Quando começa, a gente chora", diz Guilherme Maltaroli, 32, morador da rua Sá Ferreira, um dos acessos ao Pavão-Pavãozinho. Texto Anterior: Conheça os dez pontos Próximo Texto: Sandra Bréa é operada para retirada de órgãos; Prefeito de São Vicente escapa de um atentado; Acidente deixa quatro feridos na via Dutra Índice |
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