São Paulo, domingo, 8 de setembro de 1996
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Mãe vai atrás da filha no Paraguai

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, NO PARAGUAI

Procurar meninas brasileiras que fugiram de suas casas ocupa grande parte do tempo dos funcionários do consulado brasileiro em Ciudad del Este.
Segundo o secretário do consulado, Dijalma Mariano da Silva, o serviço protocolar normal de qualquer representação diplomática acaba sendo substituído por um trabalho de investigação e de assistência social.
Além de procurar meninas, o consulado gasta tempo e dinheiro na assistência a presos brasileiros, que na última semana eram mais de 90 na penitenciária de Ciudad del Este.
Segundo Silva, o consulado gasta, por mês, US$ 50 mil com assistência aos presos -alimentação e advogados.
"O trabalho mais penoso, no entanto, é o de tentar convencer essas meninas a retornar ao Brasil", afirma Silva.
Busca
Em 30 de agosto passado, a Agência Folha acompanhou a busca por uma menina de 15 anos em Ciudad del Este.
Terezinha Cola, 37, recorreu ao consulado para tentar convencer sua filha, M.C., 15, a retornar para casa. Duas semanas antes, a menina havia abandonado a família e fugido para o país vizinho para viver com o paraguaio Mauro Canteiro, 26.
A busca durou duas horas. M.C. disse à Agência Folha que fugiu para "viver uma nova vida e um grande amor".
Ela estava morando com Canteiro nos fundos de uma mercearia, em um bairro pobre de Ciudad del Este.
Não foi a primeira vez que M.C. fugiu de casa para viver no Paraguai. Quando tinha 13 anos, já viveu com um primo de Canteiro por três meses.
Terezinha Cola acusou Canteiro de estar "confundindo a cabeça da menina".
Segundo ela, seu medo era que a filha estivesse "metida com drogas ou prostituição".
Depois de mais de uma hora de discussão e muito choro, M.C. aceitou voltar ao Brasil, "para convencer" a mãe de que sua decisão era irreversível.
José César Alves, funcionário do consulado brasileiro que acompanhava a mulher, disse que o retorno da menina ao Brasil "seria em vão".
Para ele, "na primeira oportunidade" ela retornaria ao Paraguai.
Quatro dias depois, as previsões de Alves já haviam sido confirmadas.
A Agência Folha apurou que M.C. estava novamente vivendo com Canteiro em Ciudad del Este.
(JM)

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