São Paulo, domingo, 8 de setembro de 1996
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Malária pode alcançar grandes centros

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

A malária -doença que ainda atinge 600 mil pessoas por ano no Brasil- pode alcançar os habitantes das grandes cidades que estão indo passar férias ou pescar nas regiões endêmicas (onde há um grande número de casos).
Segundo dados do Ministério da Saúde, aconteceram 3.622 casos de malária em 95 em pessoas que não habitavam na Amazônia.
A malária é causada pelo protozoário (parasita) plasmódio -que chega ao homem por meio da picada do mosquito do gênero anofelino.
Maria das Graças Alecrim, pesquisadora titular do Instituto de Medicina Tropical de Manaus (AM), diz que a malária é a doença endêmica parasitária mais frequente no Brasil.
Segundo ela, 99,3% dos casos aconteceram em 95 na região da Amazônia legal -região que compreende os Estados do Amazonas, Pará, Tocantins, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima.
Para Marcos Boulos, do Hospital das Clínicas da USP (leia texto nesta página), o grande problema dos paulistas que adquirem a malária é a falta de imunidade contra o plasmódio, o que se traduz em casos mais graves da doença.
Os habitantes das áreas endêmicas vão adquirindo, com o tempo, uma imunidade parcial contra o parasita. Assim, a cada infecção, os efeitos do plasmódio são menos intensos.
Segundo Boulos, outro problema é o diagnóstico tardio. Em São Paulo, como a maioria dos médicos não está acostumada a ver casos de malária, é difícil que eles façam a conexão entre um quadro de febre alta e uma viagem, duas semanas antes, para uma das regiões endêmicas.
O parasita entra no organismo por meio da picada dos mosquitos. Ele vai para o fígado, onde se multiplica e sofre uma série de transformações (período de incubação). Essa fase pode durar de uma a duas semanas e não causar qualquer sintoma.
Depois disso, o plasmódio parte para a circulação, onde passa a invadir as células vermelhas do sangue (hemácias). A cada ciclo de reprodução, uma grande quantidade de hemácias é destruída.
Essa destruição libera uma série de substâncias químicas que causam febre, tremores, calafrios, mal-estar e dores de cabeça.
Nos casos mais graves, as células destruídas podem "entupir" pequenos vasos dos rins, pulmões e cabeça, trazendo risco de morte.
Segundo Boulos, os casos mais graves são causados pelo plasmódio falciparum -responsável hoje por 30% dos casos de malária no Brasil. Os outros 70% são provocados pelo plasmódio vivax, espécie mais benigna do protozoário.

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