São Paulo, domingo, 8 de setembro de 1996 |
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Cláudia, 22, fez operação
AURELIANO BIANCARELLI
Em novembro de 95, Claudia realizou a sonho de todos os transexuais: reuniu R$ 16.000 com a venda de um apartamento herdado e pagou uma cirurgia de mudança de sexo. A operação não foi simples. A cirurgia teve algumas complicações, e ela sentiu dores durante uns dois meses e ainda precisa de acompanhamento. "Mas tenho a vagina que queria ter. Posso encarar outra mulher de cabeça erguida." No ano passado, Claudia formou-se em um curso da área médica em uma universidade da Grande São Paulo. Por sugestão da própria escola, ela adiou a colação de grau na esperança de que a Justiça autorize a mudança de seu nome. Se o diploma sair com o nome masculino, não poderá mais ser mudado. Quando trocar o nome e receber o diploma, Claudia pretende mudar-se de São Paulo, abrir um consultório, casar-se e adotar um filho. "Vou começar vida nova longe daqui." São planos que ela faz junto com a namorado, que conheceu há dois anos. "Ele me encontrou como mulher, e aos poucos fui contando. Dizia que eu era uma moça como as outras, apenas tinha nascido com uma deformação anatômica." Claudia é uma mulher bonita. Tinha muitos admiradores na faculdade, embora alguns estudantes soubessem que tinha nascido homem. No vestiário da escola, onde trocava o jeans da rua pela roupa branca do laboratório, Claudia diz que muitas colegas a olhavam curiosas. Enxergavam apenas a calcinha. Para fugir de situações constrangedoras, ela nunca carrega documentos. Não viaja de avião nem faz viagens longas de ônibus. Não pode ter plano de saúde, cartões de crédito, nem tirar carta de habilitação. Para usar talões de cheque, Claudia mantém uma conta conjunta com a tia, que tem o mesmo sobrenome. "Digo que ela sou eu. Quando exigem documento, peço para consultar o serviço de proteção ao crédito." (AB) Texto Anterior: Festa vai financiar operação Próximo Texto: Maiane é enfermeira e sonha com cirurgia Índice |
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