São Paulo, quarta-feira, 11 de setembro de 1996
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PFL quer punir aliado contrário à reeleição

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A liderança do PFL, principal partido de sustentação do governo, quer que o presidente antecipe a reforma ministerial para comprometer os partidos aliados com a aprovação da reeleição.
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), defende que os partidos que votarem contra sejam punidos com a perda de cargos no ministério, de acordo com decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Quem ficar contra tem que entregar os cargos. Quem ficar com o governo, fica com o ônus e com o bônus. A própria sociedade não aceita essa história de ficar contra o governo e manter os cargos", disse Inocêncio.
Mas o líder do PFL faz uma ressalva sobre a negociação de cargos: "Sou contra a barganha de cargos no varejo (negociação individual de cargos em troca de votos)".
"Se o presidente fizer isso, ele atrasa a votação e acaba o governo dele. Você não chega nunca ao encontro de contas e deixa parlamentares descontentes", disse.
Os deputados do PMDB que estão a favor da reeleição entenderam o recado do governo e já articulam a participação na comissão especial da Câmara que vai votar a emenda da reeleição.
O deputado Newton Cardoso (PMDB-MG), que já organizou um jantar com FHC para articular a aprovação da emenda, disse ontem que esse tema está interligado à reforma ministerial e à eleição para a presidência da Câmara.
"É um pacote. O PMDB participará de tudo, da reeleição, da reforma ministerial, da eleição para a presidência da Câmara. O presidente sabe disso. Dissemos isso a ele", afirmou Newton.
O líder do PMDB, Michel Temer (SP), disse que convocará a bancada para tomar uma decisão: "Não podemos abrir mão do direito de indicar os representantes do partido na comissão".
Temer lembrou que o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), pode indicar os representantes do PMDB. "Ele vai encontrar quem queira participar. A maioria do partido é a favor da reeleição", afirmou.
O presidente nacional do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE), diz que a convenção do partido, em março, teria transferido a discussão sobre a reeleição para 97.

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