São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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Zagallo já admite prescindir do 'um'

DA REPORTAGEM LOCAL

Após empates em dois gols com Rússia e Holanda, nos primeiros amistosos de preparação para a Copa do Mundo de 98, o técnico Zagallo decidiu repensar o sistema de jogo da seleção brasileira.
O treinador pode optar basicamente por três esquemas táticos: o 4-4-2, o 4-3-3 e o 4-3-1-2.
Devido às características diferentes de vários jogadores, resultados insatisfatórios e algumas críticas, Zagallo admitiu abandonar o esquema atual, o 4-3-1-2, ou alterá-lo em certos momentos.
O "um" no esquema é justamente o jogador que faz a ligação entre o meio-campo e o ataque.
Os próximos amistosos da seleção, que deverão acontecer ainda este ano, contra Nigéria, Camarões e Coréia do Sul, serão importantes para a definição do esquema que será empregado pela seleção no Mundial da França.
As opções
Desde que assumiu a seleção, Zagallo tem priorizado o 4-3-1-2. Já desempenharam o papel de "um" jogadores como Amoroso, Juninho e Rivaldo.
Na Copa dos EUA, o esquema era o 4-4-2, sistema de jogo que aposta em um meio-campo combativo, capaz de oferecer grande proteção à defesa, e uma dupla de atacantes, responsável pela conclusão das jogadas.
O 4-3-3, sistema mais tradicional e muito usado no passado, cuja tônica não é uma grande preocupação defensiva, é a opção mais ousada de Zagallo, que passaria a ter três jogadores bem adiantados.
Testes
Durante os jogos na Europa, a seleção já atuou de várias formas.
"No jogo contra a Holanda, a seleção optou em certos momentos pelo 4-3-1-2. Atuamos no 4-3-3, mas com variação para um 4-4-2", afirmou Zagallo.
O treinador ressaltou a mutabilidade do esquema que vinha sendo adotado, mas viu outros defeitos na seleção nos amistosos.
"O problema contra a Holanda não foi o sistema. Ronaldo e Giovanni é que abusaram do individualismo", disse o técnico.
Para Zagallo, a partida contra os holandeses exigiu um cuidado maior com o sistema defensivo.
"Coloquei o Giovanni mais adiantado e recuei o Donizete, que tem mais poder de marcação. Se não fechássemos um pouco, poderíamos ter perdido", disse.
O 4-3-1-2, no entanto, não deverá ser de todo esquecido pelo técnico Zagallo.
"Esse esquema permite variações. Pelos jogadores que temos, posso mudar sistemas. Muitas vezes não vou ter o 'um' ", disse.
O futuro
Zagallo resgatou um pouco de sua imagem de retranqueiro ao pregar que, em um futuro próximo, as equipes irão jogar no 4-6-0.
Segundo o treinador, esse esquema, embora não conte com atacantes, "não é defensivo".
Seguindo uma tendência do futebol mundial, os jogadores de frente seriam recuados para o meio-campo, onde realizariam diversas funções.
Quando o futebol começou a ser praticado, as equipes costumavam jogar com sete ou mais atacantes. Já nos anos 40 e 50, a moda era jogar com cinco atletas no ataque.
Posteriormente, ficaram fixos na frente três jogadores. Algumas equipes atuais já jogam com apenas um atacante.

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