São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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Candidata pede defesa de 'país sérvio'

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A presidente da República Srpska, Biljana Plavsic, reafirmou ontem em um comício a existência de um Estado dos sérvios da Bósnia e pediu que eles o defendam nas eleições gerais de amanhã.
"Deus nos escolheu para criar um país sérvio neste lado rio Drina. Vocês o criaram -defendam-no em 14 de setembro", disse a presidente dos sérvios.
A República Srpska não é um Estado, mas uma entidade subordinada ao governo central da Bósnia, segundo o acordo de paz de Dayton, que acabou com três anos e meio de guerra entre as etnias.
A principal reivindicação dos sérvios na guerra, a separação em relação à Bósnia, foi oficialmente abandonada com o acordo de paz.
Ontem, o último dia de campanha, os antigos grupos rivais fizeram comícios com sentidos opostos -os muçulmanos pregando reconciliação, e os sérvios, o nacionalismo e a xenofobia.
A partir da 0h de hoje, estão proibidas todas as manifestações para as eleições de amanhã, as primeiras desde o fim da guerra.
Pelo menos 50 mil simpatizantes do muçulmano Alija Izetbegovic reuniram-se em Sarajevo para ouvir o atual presidente da Bósnia.
Os muçulmanos observaram os discursos dos representantes do Partido da Ação Democrática em um estádio até a entrada do presidente bósnio, vestido nas cores do partido, verde e branco.
"Esta é a Bósnia em que todas as pessoas podem rezar onde querem. Os extremos não são bons", disse o presidente Izetbegovic.
"Convoco a Santíssima Trindade a lançar uma maldição a todos os políticos e jornalistas que distorcem a verdade sobre os sagrados e virtuosos sérvios", disse uma freira cristã ortodoxa no mesmo palanque em que Biljana Plavsic pediu a defesa do "país sérvio".
O representante internacional para a Bósnia, Carl Bildt, alertou Biljana a parar com as declarações favoráveis à separação sérvia.
Encontro
O comandante da Otan (a aliança militar ocidental) na Bósnia, Joseph Lopez, encontrou-se ontem com autoridades sérvias no quartel-general sérvio, em Pale.
Segundo os sérvios, quase certamente o seu líder, Radovan Karadzic, estava lá. Karadzic é procurado internacionalmente sob acusações de crimes de guerra.
As autoridades sérvias disseram ontem que Karadzic e o comandante Ratko Mladic devem votar.
Cerca de 78% dos bósnios que moram em mais de 50 outros países já votaram nas eleições.
Conseguiram a possibilidade de votar antes do pleito oficial 487 mil bósnios no exterior, dos quais 378 mil já votaram. Amanhã, outros 140 mil bósnios no exterior deverão votar, segundo a Organização para Segurança e Cooperação na Europa, que organiza o pleito.

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