São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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Pesquisa em 12 capitais mostra FHC e Lula em 1º

CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL

Aprovar a emenda da reeleição não significa automaticamente conceder um segundo mandato ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
É o que demonstra pesquisa do Datafolha, feita entre 9 e 12 de setembro: FHC ficaria estatisticamente empatado com Luiz Inácio Lula da Silva, líder histórico do PT (23% para FHC e 21% para Lula).
Pouco atrás, com 18%, estaria Paulo Maluf (PPB), prefeito de São Paulo.
Embora pareça óbvio que dar ao presidente o direito de disputar a reeleição não significa reelegê-lo automaticamente, o entendimento da maioria do mundo político contraria o óbvio.
Quase todos acreditam que direito a disputar a reeleição significa reeleição pura e simplesmente.
A pesquisa mostra que esse raciocínio é mais uma expressão de desejos de parte dos integrantes da coalizão que elegeu FHC em 1994, formada por PSDB, PFL e PTB.
Só FHC
Não há outro candidato viável, no momento, para esse conglomerado que não seja o próprio presidente da República.
O Datafolha apresentou aos 12.567 pesquisados dois cenários em que o nome do presidente não aparece.
Resultado: os nomes mais fortes são de oposição ao bloco governante (Maluf e Lula) ou, então, de aliados muito reticentes, como os ex-presidentes José Sarney (PMDB) e Itamar Franco (sem partido).
Os governadores Mário Covas (SP) e Tasso Jereissati (CE), apresentados como alternativas do PSDB a FHC, ficam com apenas 9% e 5%, respectivamente, longe dos primeiros colocados.
Mais ainda: nem Covas nem Tasso aparecem na pesquisa espontânea, aquela em que não é exibido ao pesquisado o cartão com os nomes dos presumíveis candidatos.
Retrato parcial
A pesquisa está longe de ser um retrato acabado das intenções de voto dos brasileiros, pois foi feita em apenas 12 capitais, nas quais vivem 19% do eleitorado total.
Esse fato explica fortes desequilíbrios regionais, representados pela explosão de preferências por Sarney em São Luís do Maranhão (48%), de Jaime Lerner em Curitiba (46%) e de Paulo Maluf em São Paulo (34%).
Além disso, não há, como é óbvio, uma campanha em andamento nem sequer estão definidas as regras do jogo (o direito ou não à reeleição, por exemplo).
Fora
Quase dois terços dos entrevistados (62%) se opõem a que o atual presidente tenha o direito de concorrer, somando-se os 45% que são contra o princípio da reeleição em si e os 17% que aceitam o princípio, mas não querem que ele valha para os atuais mandatários.
Só 31% concordam em que se dê a FHC o direito de tentar um novo mandato.

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