São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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Princesa Diana teve diagnóstico tardio

NOELLY RUSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Se a princesa Diana tivesse sido diagnosticada como depressiva no momento certo, sua história poderia ter sido outra", diz o psiquiatra inglês Stwart Montgomery, 58, que esteve no Brasil para a apresentação de um novo medicamento antidepressivo, o Remeron.
Segundo ele, a depressão é uma doença que atinge 20% das pessoas em cada país do mundo. "É uma doença séria e que dura a vida inteira. Ela prejudica tremendamente o doente e os que o cercam", diz.
O inglês acredita que a ausência no trabalho provocada pela depressão é assustadora em todo o mundo. Segundo ele, a depressão é, em níveis mundiais, a doença que mais deixa o paciente de cama.
"O Banco Mundial fez um estudo que serviu para que os governos tomassem consciência de que é muito caro não cuidar do deprimido. Ele vai produzir menos, ou nada. Nesse caso, pode perder o emprego, passa a depender da família e, no mínimo, faz com que o Estado perca um contribuinte", afirma.
A pior consequência da doença é o suicídio. Montgomery estima que 15% dos deprimidos cometam o suicídio. "Esse índice pode ser aplicado à maioria dos países. Isso porque a prevalência da doença é semelhante em todos os lugares."
O psiquiatra trabalha no departamento de psiquiatria do hospital Saint Mary, em Londres, o mesmo em que a princesa Diana recebeu o diagnóstico de depressão. "Ela foi uma das pioneiras no uso de Prozac. Muito antes desse remédio virar moda, a princesa o tomou. Mas acho que seu diagnóstico foi tardio. Ela sofreu a quebra em sua família e teve bulimia entre outros sintomas clássicos dos depressivos", afirmou.
Segundo ele, a reação da família real à depressão de Diana foi a mais comum: a incompreensão. "Não é culpa da família nem do doente. Mas o fato é que muitas vezes a família não sabe o que fazer com aquela pessoa que sofre e não consegue explicar o motivo. Por isso, o tratamento é fundamental."
Segundo ele, o principal problema da depressão é a impossibilidade de preveni-la. "É sabido que todos os seres humanos enfrentarão uma crise em sua vida. Mas como saber quais enfrentam melhor esse impacto que os outros?"
O psiquiatra diz que é possível prevenir crises futuras, mas a primeira é praticamente impossível.
Nova droga
O Remeron, que acaba de chegar ao Brasil- é um remédio à base de uma droga chamada mirtazapina. A droga foi estuda por 15 anos e só agora começa a ser prescrita.
Segundo Montgomery, um dos principais pesquisadores da droga, a principal vantagem do remédio é a diminuição dos efeitos colaterais existentes em outras drogas antidepressivas.

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