São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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'Torcedor-poltrona' abala o Brasileiro

ALEXANDRE GIMENEZ e ARNALDO RIBEIRO

ALEXANDRE GIMENEZ; ARNALDO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com overdose de jogos na TV e falta de estrutura dos estádios, público esvazia a competição e irrita os clubes

Que tal assistir a um joguinho nesta tarde na TV? Não dá? Não se preocupe, a televisão brasileira está exibindo semanalmente, em média, 58 horas de futebol, divididos entre campeonatos locais e estrangeiros. Opções não faltam.
Mas, segundo dirigentes, técnicos e jogadores, esse excesso de jogos na TV é o principal motivo da fuga do torcedor dos estádios e da baixa média de público no Campeonato Brasileiro deste ano.
Outros motivos apontados são: o alto preço dos ingressos, a falta de conforto nos estádios, a má qualidade dos espetáculos e o excesso de jogos nos campeonatos.
Nas nove primeiras rodadas do torneio, o público médio foi de 8.662 pagantes, contra 10.060 do ano passado (veja quadro da pág. 4-9), uma "vergonha", segundo o técnico do São Paulo, Carlos Alberto Parreira.
"O primeiro passo para trazer o torcedor de volta é reduzir o números de jogos na televisão", disse o presidente do Grêmio e do Clube dos 13, Fábio Koff.
"É lógico que, com um monte de jogos sendo transmitidos, o torcedor, principalmente o gaúcho, vai preferir ficar em casa, com uma lareira acesa e tomando um vinho, do que ir ao estádio", disse.
"É um exagero o que está acontecendo. Muito futebol na televisão acaba cansando", disse José Paulo Fernandes, diretor de futebol do Santos. Ele acha que os clubes vão ter que escolher entre a TV e o público nos estádios.
"Não está dando para caminhar com as duas coisas juntas. Teremos que escolher uma delas e tentar manter o clube com esses recursos", disse Fernandes.
Segundo o técnico Parreira, "o esporte profissional não vive sem a televisão, mas está havendo um excesso, e o público está sumindo dos estádios. Nem quem gosta muito de futebol e vive disso, como eu, aguenta essa overdose".
Atletas
Os jogadores também sentem a falta de público nos estádios.
"A melhor coisa para um jogador é sair do túnel do vestiário e ver o estádio cheio", disse o meia Leandro, do Palmeiras.
O jogador, que atuou no último semestre no Vasco, disse que esperava mais público nos jogos do Palmeiras. "A gente tem que imaginar que o estádio está cheio. Senão, fica um tédio", disse Leandro.
O meia-atacante Djalminha, também do Palmeiras, esperava que o time tivesse uma boa média de público no Brasileiro. "Estou decepcionado, principalmente porque mantivemos o mesmo nível do Paulista", disse.
Além do excesso de jogos, Djalminha acha que o preço dos ingressos assusta os torcedores. "Está caro."

LEIA MAIS sobre a falta de público no Brasileiro na pág. 4-6

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