São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 1996
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Planos de manejo não são respeitados

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O plano de manejo florestal é uma exigência legal para que alguém possa extrair madeira.
A legislação vigente prevê que a área de onde será extraída a madeira seja dividida em 25 partes. Cada parte deve ser explorada durante um ano, mas também não pode ser devastada.
Depois de explorada, cada parte deve ficar intocada durante 24 anos, para que seja naturalmente reflorestada. Antes de iniciar a exploração, o produtor deve apresentar o plano ao Ibama.
O Ibama iniciou, neste ano, uma auditoria nos planos de manejo praticados. Foram encontradas irregularidades em 63,3% dos 1.077 planos avaliados até agora.
Foram suspensos 424 planos (39,4%) que apresentavam irregularidades. Outros 257 (23,9%) foram cancelados, porque não estavam sendo cumpridos.
"Ficção"
Para Paulo Lira, da Organização Não-Governamental WWF (Fundo Mundial para a Natureza), esses dados demonstram que os planos de manejo são, em sua maioria, "uma ficção."
A opinião de Lira é compartilhada pelo superintendente do Ibama no Amazonas, Hamilton Casara. Para Casara, o problema não se resume apenas ao plano de manejo.
Ele aponta que algumas espécies, como a samaúma, são muito visadas e correm maior risco de extinção. "O manejo de forma incorreta pode não levar à devastação de grandes áreas, mas há o risco de extinção de espécies, provocando uma erosão genética", afirma.
Na terra firme, a retirada é feita por tratores, que acabam derrubando outras árvores que não serão usadas. Richard Bruce, consultor da WTK, diz que os modernos equipamentos importados pela empresa permitem a retirada sem grande destruição.
Bruce também afirma que são retiradas apenas árvores "velhas", sendo permitida a preservação da espécie, por intermédio da manutenção das mais jovens.

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