São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 1996
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Iara pode ser exumada

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Integrantes dos movimentos de defesa dos direitos humanos querem que seja feita a exumação do corpo de Iara Iavelberg, companheira de Lamarca na guerrilha. Eles suspeitam da versão oficial de suicídio.
A família resiste à exumação por motivos religiosos -Iavelberg era judia. O presidente da Congregação Israelita do Brasil, o rabino Henry Sobel, intermedeia as negociações entre a família e os movimentos de defesa dos direitos humanos.
Até hoje não foi revelado o laudo oficial da morte de Iavelberg. A versão dos militares na época (setembro de 1971) é que ela havia se suicidado com um tiro no peito ao ser cercada em uma casa em Salvador.
Informações obtidas por familiares de desaparecidos políticos levantaram a suspeita de que Iavelberg teria sido morta com uma rajada de metralhadora ao tentar reagir à prisão.
Entre essas informações, estão notícias do depoimento de um militar que participou da operação em Salvador, mas que já morreu.
O legista Nelson Massini, o mesmo que reconstituiu a trajetória dos tiros que mataram Lamarca, há dois meses, está aguardando apenas autorização judicial para exumar o corpo de Iavelberg.
A família de Iara Iavelberg está dividida quanto à necessidade da exumação. De origem judaica, alguns integrantes da família entendem que os restos mortais dela devem ser mantidos intocados. Outros acham que a exumação é necessária para esclarecer a história definitivamente.

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