São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 1996
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Comunicação, qualidade e desenvolvimento

RUY MARTINS ALTENFELDER SILVA

Qualidade é a expressão mais difundida atualmente no universo das empresas, em todos os setores de atividade. Afirma-se, com justificada razão, que esse requisito, mais do que um diferencial de mercado, torna-se imperativo à própria sobrevivência das empresas, em ambientes econômicos cada vez mais seletivos e competitivos.
Praticar qualidade, porém, é uma tarefa complexa, que extrapola a retórica e abrange profunda mudança da cultura organizacional.
Programas de qualidade mal conduzidos, e que não contam com o efetivo engajamento da direção, gerentes e funcionários de uma empresa, tendem ao fracasso.
Para se obter resultados positivos -e mensuráveis de forma clara, segundo o grau de satisfação dos clientes-, um programa de qualidade tem de contemplar alguns requisitos mínimos: soluções adequadas às características de cada organização; comprometimento efetivo e transparente da alta direção com os objetivos do projeto; envolvimento dos funcionários no processo, para que eles sintam-se agentes e responsáveis pelas transformações; definição com clareza das metas e do negócio da organização; treinamento e engajamento de todos os recursos humanos à filosofia da empresa.
Para que todos os requisitos de um programa de qualidade sejam assimilados de forma ampla e harmoniosa no ambiente de uma empresa, é imprescindível a existência de um projeto de comunicação interna eficiente.
São jornais, revistas, murais, vídeos, cartilhas, correios eletrônicos em redes de micro e outros recursos modernos da informação, trabalhando em sintonia para que a cultura da qualidade se materialize em ações e atitudes de todos os membros da organização.
Esse exemplo relativo aos programas de qualidade ilustra a importância crescente da comunicação no contexto da economia contemporânea.
Cada vez mais, empresas, governos e entidades de classe incluem a comunicação, interna e externa, entre suas prioridades, passando a encará-la como ferramenta imprescindível de administração e área estratégica para a obtenção de resultados.
Da mesma forma que é vital para o sucesso de programas de qualidade, a comunicação contribui decisivamente para que uma empresa possa ampliar sua produtividade, reduzir custos e responder em tempo hábil às rápidas transformações de um mercado globalizado, em constante ebulição.
Não há qualquer exagero em afirmar que a comunicação é absolutamente indispensável para que uma empresa se reorganize internamente de acordo com as exigências da economia contemporânea, ou seja, com base em uma forte sinergia entre todos os funcionários e departamentos e no seu real comprometimento com os resultados da organização e o sucesso de seus negócios.
Ferramenta eficiente da reengenharia, a comunicação também é fundamental no sentido de projetar externamente a imagem da empresa moderna no universo em que está inserida, ou seja, clientes, fornecedores, parceiros e todo o conjunto da sociedade.
Num mundo cada vez mais sem fronteiras e no qual a cidadania encontra-se devidamente valorizada, tornam-se muito restritos os espaços para as organizações herméticas e incapazes de interagir com os diferentes segmentos.
Valoriza-se, hoje, a figura da empresa cidadã, que se pauta não só pela qualidade, eficiência e sucesso nos negócios, mas também pelos valores da ética e comprometimento com o bem-estar e o progresso da comunidade e da nação.
A multiplicação dessa filosofia no parque empresarial brasileiro, meta cuja conquista tem na comunicação um fato condicionante, é o caminho mais curto para conduzir o país ao desenvolvimento.

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