São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 1996
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Almeida Prado aborda drama romântico

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Décio de Almeida Prado lança hoje mais um volume da história do teatro no país, "O Drama Romântico Brasileiro" (ed. Perspectiva).
A exemplo do que afirmou três anos atrás, quando da publicação de outro livro da série, o crítico acredita ser difícil completar o "projeto maior", expressão sua, para a elaboração de uma história completa do teatro brasileiro.
"O projeto maior foi abandonado", diz ele, rindo. "Também, já estou numa idade de ir despedindo e não começando coisas."
Agora ele deve ficar nos ensaios, como todos os que compõem seu projeto histórico, mas não mais com a linearidade histórica.
"Eu já escrevi isoladamente sobre outros períodos posteriores, mas agora, assim como livro de conjunto, vou ficar no drama romântico mesmo. Vou escrever outras coisas, mas não mais assim, diretamente ligadas a uma história do teatro brasileiro."
Foi o que ele disse, três anos atrás -e o novo volume, agora, é tão instigante quanto o anterior.
O crítico e historiador avisa que um próximo livro seu, que ele já escreve, não vai seguir de forma "contínua" o drama romântico, entrando, como seria o caso, pelo teatro realista e pela revista.
Ainda assim, não vai faltar Arthur Azevedo e a comédia carioca do final do século 19, com um ensaio tratando, em especial, de uma "peça dele de que eu gosto muito, que é 'A Capital Federal'."
Mas é "O Drama Romântico Brasileiro" que mais interessa o autor, até porque o lançamento no Sesc Consolação visa autografar, divulgar e vender o livro -não apenas, porque o evento é também uma nova homenagem ao maior crítico brasileiro.
Décio de Almeida Prado, 79, foi crítico da revista "Clima" no início dos anos 40, ao lado de Antonio Candido e Paulo Emílio Sales Gomes, e depois, por mais de duas décadas, até 1968, do jornal "O Estado de S.Paulo".
O "projeto maior" a que ele se refere abrange um estudo sobre o teatro a partir dos jesuítas até os primeiros românticos, publicado no volume "Teatro de Anchieta a Alencar" (ed. Perspectiva, 1993), e "O Teatro Brasileiro Moderno" (ed. Perspectiva, 1988), sobre o teatro de 1930 a 1980.
"O Drama Romântico" é um dos textos intermediários da obra, analisando o chamado "teatro de papel", parte da face teatral do país no século 19.
"O que eu digo é que o teatro se dividiu então em duas coisas diferentes. Um foi o teatro representado, que era feito pelo João Caetano, sobre o qual eu já escrevi e que era constituído sobretudo de melodramas franceses."
É o que ele aborda em "João Caetano", que se pode considerar outro texto intermediário da história do teatro brasileiro, publicado em livro em 1972 pela mesma Perspectiva, no seu primeiro projeto ao deixar a crítica de jornal.
"O outro teatro é o teatro literário que era feito por escritores de grande importância, mas que não foram acolhidos pelo palco."
Entre os escritores, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves, acompanhados pelas críticas de José de Alencar e Machado de Assis.
"É um período interessante porque o teatro atraiu os vários nomes da poesia daquele tempo, mas é um teatro incompleto, porque é um teatro, como eu escrevi, e a expressão é do José de Alencar, só de papel."

Evento: lançamento do livro "O Drama Romântico Brasileiro", de Décio de Almeida Prado
Quando: hoje, às 20h
Onde: Sesc Consolação (r. dr. Vila Nova, 245)

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