São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 1996
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Deputada quer apurar suposto elo CIA-tráfico

Lucro de droga seria usado na Nicarágua

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A deputada Maxine Waters, do Partido Democrata, do governo, anunciou que vai solicitar ao presidente dos EUA, Bill Clinton, que investigue a acusação de que a agência central de inteligência do país (CIA) se envolveu com o tráfico de drogas para ajudar a contra-revolução na Nicarágua.
A acusação apareceu esta semana no jornal "San Jose Mercury News", de San Jose, Califórnia, Costa Oeste do país.
O diretor da CIA, John Deutch, disse nunca ter tido conhecimento de qualquer evidência que sustente a acusação, mas afirmou já ter iniciado uma investigação interna para apurar todos os fatos.
A secretária da Justiça, Janet Reno, declarou que a polícia federal já vinha investigando o caso e "até agora não encontrou nada que corrobore as alegações".
Segundo o jornal, durante a década de 80, dois traficantes de droga nicaraguenses que também eram líderes do comando anti-sandinista FDN (Frente Democrática Nicaraguense) forneceram toneladas de cocaína e crack a gangues de Los Angeles e com parte do lucro ajudaram a financiar operações apoiadas pela CIA na Nicarágua.
O czar das drogas do governo Clinton, general Barry McCaffrey, disse ter conversado com Deutch e que, embora não acredite nas acusações, deseja vê-las formalmente investigadas "até que o público norte-americano se sinta completamente satisfeito".
A deputada Waters vai pedir o apoio do presidente da Câmara, Newt Gingrich, hoje. Gingrich pertence ao Partido Republicano, que estava no poder quando as supostas ilegalidades foram cometidas pela CIA.
Diversas entidades de defesa dos direitos humanos começaram a fustigar ontem o candidato republicano à Presidência, Bob Dole, devido às acusações. Elas querem saber se Dole, eleito presidente, irá investigar a atuação da CIA nos governos George Bush (1989-1993) e Ronald Reagan (1981-1989).
Waters acha que o caso denunciado pelo "Mercury News" tem relação com o Irã-Contras, em que o lucro de transações ilegais de armas com o Irã foi canalizado para financiar as atividades dos contras na Nicarágua. Ela tem audiência com Clinton marcada para sexta-feira.
(CELS)

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