São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRIANÇAS FAMINTAS

Boa notícia. A desnutrição infantil caiu 16,9% de 1989 a 1996. Trata-se, sem a menor dúvida, de um grande avanço, principalmente se se considerar que a maior taxa de queda ocorreu no Nordeste, região onde esse tipo de mal sempre foi crônico. Lá, a queda chegou a 36%.
Define-se desnutrição infantil pelo número de crianças menores de cinco anos com peso abaixo do normal.
Em que pese a boa notícia, há que se considerar que o Brasil ainda está bastante longe do ideal. Segundo o consultor da pesquisa -que ainda não está inteiramente pronta, mas cujos resultados já permitem conclusões-, os padrões internacionalmente aceitos de desnutrição infantil são de 2%. O Brasil ainda tem 5,9% de crianças desnutridas.
A pequena variação estatística (de 3,7% para 3,8%) verificada no Centro-Sul se explica pelo fato de que, quando as taxas são mais baixas, é mais difícil reduzi-las, pois existem crianças abaixo do peso normal mesmo nos países mais ricos e desenvolvidos do mundo.
Ainda assim, é insuportável que um país condene quase 6% de suas crianças a amargar a fome. Programas para a erradicação da desnutrição são mais do que urgentes.
Tudo fica ainda mais grave quando se constata que não existe uma impossibilidade natural de o país produzir alimentos para toda a sua população, mas sim uma iníqua distribuição de renda que limita o acesso a comida até mesmo para crianças. Não adianta, porém, nutrir ilusões. O perfil da distribuição de renda não mudará da noite para o dia. Até lá, é preciso investir ainda mais nos programas que já registraram avanços na melhora da desnutrição num lapso de tempo relativamente curto.

Texto Anterior: RESERVA DE MERCADO
Próximo Texto: A HORA DA PROVA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.