São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996 |
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Tentativa de trégua fracassa no Pontal
LUIZ MALAVOLTA
Os representantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) deixaram a reunião antes do início, quando souberam que o presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Roosevelt Roque dos Santos, iria participar das negociações. "Não sentamos na mesma mesa com a UDR, essa entidade reacionária e responsável pela violência no campo. Seus pistoleiros mostram suas armas para nossos filhos e nossas mulheres", disse Felinto Procópio, da coordenação do MST no Pontal. Mesmo sem a participação do MST, a reunião foi aberta pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP). O presidente da UDR pediu para falar e criticou o governo do Estado, a quem responsabilizou pela situação no Pontal do Paranapanema. "O governo tomou medidas erradas", afirmou Santos. Logo após a sua manifestação, o senador Suplicy pediu que o presidente da UDR deixasse a reunião para "facilitar as negociações e trazer o MST de volta". Irritado, Santos disse que sairia do encontro, mas afirmou: "Não vamos mais aceitar invasões de terra, desrespeito à lei e essa onda de insegurança. A UDR vai defender os produtores rurais". Santos deixou a sala de reuniões sob aplausos dos fazendeiros. A maioria dos 40 fazendeiros presentes, em sinal de protesto, também abandonou a reunião, que terminou sem conclusão. A reunião havia sido agendada no sábado pelo então superintendente do Incra no Estado, Miguel Abeche, demitido na terça-feira à noite pelo ministro da Política Fundiária, Raul Jungmann. Ao saber da demissão de Abeche, o MST havia cancelado sua participação no encontro com fazendeiros e o Incra. Mas, anteontem à noite, o senador Suplicy interveio e conseguiu convencer os sem-terra a participar da reunião, que teria a presença do novo superintendente do Incra no Estado, Jonas Villas-Bôas. Suplicy disse que não sabia que a UDR havia sido convidada para o encontro. Quando os representantes do MST chegaram e viram Santos, afirmaram que não entrariam para a reunião. Suplicy insistiu, alegando que seria um gesto de boa vontade dos sem-terra. O novo presidente do Incra-SP disse que vai tentar uma aproximação com o MST do Pontal e discutir o que fazer. "O MST tem que ser consultado", afirmou. Texto Anterior: PF participa de desarmamento Próximo Texto: Governo paga por evento em Nova York Índice |
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