São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
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O surrealismo, 100, está de volta

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Com uma exposição em Nova York, uma série de lançamentos literários na Europa e, ainda, montagem em palcos brasileiros, o que parecia um eco vira reavaliação do movimento que ousou colocar, radicalmente, a imaginação no centro das atenções: o surrealismo.
O museu Guggenheim, em Nova York, recebe obras da artista Meret Oppenheim, a mulher entre tantos rapazes (leia texto ao lado).
Na Europa, há uma enxurrada de biografias e ensaios sobre a grande aventura, enquanto em São Paulo o diretor José Celso Martinez Corrêa estréia no próximo dia 25 a peça "Para Acabar com o Juízo de Deus", do dramaturgo francês Antonin Artaud.
Ainda que fruto de estranho cálculo, 1996 é para o mundo o centenário do surrealismo.
O movimento nasceu nos anos 20. Mas seu pai fundador, o poeta e agitador André Breton, veio ao mundo em 1896, para desaparecer, depois de muitas brigas e paixões, em 28 de setembro de 1966.
História
Mas, para os jovens burgueses que viviam em Paris no início do século, as primeiras imagens sem razão nasceram das matanças da Primeira Guerra Mundial.
Depois da morte dos amigos, e da falência das instituições, não era mais possível esperar que a arte continuasse estática.
Breton foi então conhecendo, ou recrutando, os rapazes que compartilhavam com ele o desejo de fazer um animado cruzamento entre as recentes descobertas de Sigmund Freud (o inconsciente) e as vítimas da cultura européia.
Aproximaram-se o ator e dramaturgo Antonin Artaud (1896-1948) e poeta e cineasta Jean Cocteau (1889-1963), entre os inúmeros garotos que acabariam por se tornar, a nova intelectualidade da França.
Além da França, outros países se assustaram e se encantaram com as propostas de Breton; entre tantos que vieram, os decisivos espanhóis Luis Buñuel e Salvador Dalí.
O primeiro, cineasta, fez entender que o surrealismo era cinematográfico. O outro, pintor, que poderia ser também um negócio.
A série de eventos deste ano parece dizer que, se o movimento chegou ao fim, pelo menos não houve esquecimento.
(MR)

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