São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
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Nova York recupera a única artista do movimento

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Há 60 anos, a artista plástica alemã Meret Oppenheim (1913-1985) se tornou a primeira e única artista no masculino e seletivo círculo surrealista. Naquele ano, realizou "Le Déjeuner en Fourrure", conjunto de xícara, pires e colher cobertos por pêlos de animal.
O objeto, criado para atender um pedido de André Breton, foi o maior sucesso da exposição de objetos surrealistas organizada por ele na Galerie Charles Ratton, em Paris.
A peça rapidamente se tornou um dos mais emblemáticos objetos desse movimento artístico e foi comprada pelo MoMA de Nova York. Ainda hoje é fácil perceber no espectador sua surpresa, repugnância e aconchego ao se deparar com o objeto, novamente hit, agora na mostra retrospectiva que o museu Guggenheim dedica à artista até 9 de outubro, em Nova York.
Oppenheim teve seu primeiro contato com os surrealistas aos 18 anos, quando se transferiu da Suíça -onde foi morar, com o advento da Primeira Guerra- para Paris, para se tornar artista.
Ali encontrou Man Ray, Hans Arp, Alberto Giacometti, André Breton, Marcel Duchamp e Max Ernst. Sua juventude (tinha cerca de 20 anos menos que a média dos surrealistas), beleza e ímpeto contestador encantaram seus amigos de movimento.
Com Ernst, por exemplo, chegou a ter rápida relação amorosa. De Man Ray, foi musa e modelo para uma série de famosos retratos.
Depois do fulminante sucesso de "Le Déjeuner en Fourrure", Oppenheim tentou se afastar dos surrealistas, optando por outras temáticas e suportes de trabalho.
Algumas temáticas surrealistas, porém, sempre estiveram presentes em sua obra. Em "Raio X da Cabeça de M.O.", de 1964, trabalha com a dicotomia entre a aparência exterior e potencial interior.
O irracional da morte e a crise da lógica aparecem em "Bem, Vamos Viver mais Tarde Então" (1933) "Auto-Retrato e Currículo Vitae desde o Ano 60.000 a.C." (1966).

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