São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996 |
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O Caso Folha/Ajax
CHICO AMARAL
A dúvida lançada por aquele indivíduo atingiu sobretudo a minha pessoa, já que sou o letrista das canções e poderia ter enganado meus próprios parceiros -a não ser que o Skank tenha tomado conhecimento de meu suposto roubo e o endossado, o que é grosseiro e ofensivo a todos nós. Mas vamos lá. Todos sabemos que o jornal se justificará dizendo estar apenas veiculando acusações de outra pessoa. Não vamos nos esquecer também de que o caso não foi examinado até agora pela Justiça, de que a verdade ainda não está clara para as pessoas (principalmente para a Folha) e de que eu, marginal ousado, posso estar aqui blefando mais uma vez. A Folha não me acusa (gentil) de blefe. Só dá uma primeira página e mais uma interna -duas páginas!- na Ilustrada para um acusador patético, obscuro, semi-analfabeto, enfim, um farsante que não consegue sequer copiar corretamente meus textos. Decerto para dar alguma consistência ao sujeito e justificar seu interesse extremado no assunto, a Folha, por meio de seu jornalista Armando Antenore, fica o tempo todo chamando o marginal de poeta (o que não tem nada a ver com poesia marginal, viu, Antenore?), endossando de modo ridículo a autodenominação fraudulenta dessa pessoa. Uma perguntinha, Antenore: e se ele não for poeta coisíssima nenhuma? Você não acha que pega mal enganar seus leitores com essa irresponsabilidade? Ou talvez o repórter, mesmo morando aí na terra de um Haroldo de Campos, pense que poesia é qualquer bobagenzinha que se escreva. Se um cara se diz poeta, certamente é, qual o problema?! O leitor que não se engane: se esse jornal passou todo o tempo chamando o estelionatário de poeta, e nem nos dá uma prova disso publicando um poema seu, para comprovar sua produção e capacidade, foi para encobrir sua preguiça investigativa, sua predileção pela fofoquinha urgente -só que em grossas tintas-, sua gula pela velha polêmica (?) escandalosa: Fulano acusa Skank de roubo; Skank chama Fulano de sei-lá-o-quê; Fulano volta à carga; Skank faz a réplica.... E assim a Folha tem sua semaninha gorda, graças a esse lixo (se o mundo é um lixo, eu não sou, já dizia um vero poeta baiano). Foi só por isso, foi por isso tudo, que nós, o Skank e eu, preferimos não comentar o assunto na imprensa. Fomos éticos e respeitamos o público brasileiro, merecedor de melhores debates. Portanto, que a Folha não venha se justificar dizendo que nos procurou para a reportagem. Simplesmente a julgamos absurda e ofensiva demais para querermos dela participar. Quero lembrar ainda aos senhores o erro crasso e maldoso do repórter ao confundir um simples reconhecimento de firma em tabelião de notas com um registro das obras em questão. O repórter foi tolo, com o consentimento de seus editores, e a foto do marginal com sua prova causou impacto nas pessoas, colocando meu nome em suspeição. E, para terminar, por que o Antenore não deixou a preguiça de lado e deu uma olhada em todas as letras que fiz para o Skank (e para meus caríssimos parceiros outros -Affonsinho, Lô, Ed...). Ficaria óbvio para ele que eu não preciso roubar letras. Agora eu quis falar. É só isso. Texto Anterior: Festival de San Sebastian vai mostrar "Tieta"; Brad Pitt foge de fãs e se esconde em quartel; Morre aos 86 a atriz francesa Annabella Próximo Texto: CanDoCo leva deficientes ao palco Índice |
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