São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996 |
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Coquetel para todos
LUIZ CAVERSAN Rio de Janeiro - O estilista carioca Luiz de Freitas aproveitou o oba-oba tradicional dos desfiles de moda para promover, esta semana, uma comovente manifestação política.Não se tratou de apoio a candidato, nem reação contra a invasão de roupas importadas a preço de banana, não. Ele encerrou o desfile de sua nova coleção colocando na passarela 15 portadores do vírus causador da Aids. Foi um corajoso ato de protesto contra a dificuldade que os portadores têm de adquirir os novos medicamentos que, comprovadamente, diminuem os males da doença. A dificuldade é basicamente financeira, porque o "coquetel" de remédios que consegue finalmente bloquear a ação do vírus da Aids custa caro no "mercado" da doença, chegando a exigir do paciente algo em torno de R$ 1.200 por mês. No protesto dos soropositivos comandado pelo estilista, o que se pedia, numa grande faixa, era a distribuição de remédio para todos. A discussão sobre a necessidade de o governo bancar o tratamento dos doentes -com a importação direta dos medicamentos e distribuição gratuita- se amplia e ganha adeptos, ainda mais agora que o Senado aprovou projeto de lei nesse sentido. Falta a concordância dos deputados federais para esse decisivo passo ser dado. Mas pode haver problemas, uma vez que o custo alto dos medicamentos -mesmo quando adquiridos por governos ou órgãos públicos- continua sendo um forte argumento contra a distribuição gratuita dos medicamentos, havendo resistências dentro do próprio governo. A esta resistência deve corresponder, sempre, a pressão da sociedade organizada. Seja em protestos simpáticos como o de Luiz de Freitas ou em ações efetivas para que prefeituras, entidades não-governamentais e empresas se unam em iniciativas que ajudem a conseguir o "coquetel" de remédios. Para todos. Texto Anterior: Dança das cadeiras Próximo Texto: O trem, o helicóptero e o "Fura-Fila" Índice |
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