São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996
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Crime gera clima de medo no campus

DA REPORTAGEM LOCAL

A morte do comerciante Domingos Carlos foi como um estopim para criar um clima de medo na USP. Ontem, esse era o principal assunto das conversas em várias unidades da universidade.
A comerciante Angelina Lourenço, concessionária da lanchonete da FEA, leva frequentemente suas funcionárias até a saída da USP, depois do expediente, que acaba por volta das 23h.
Mesmo com esse cuidado, uma de suas funcionárias foi perseguida duas vezes nos últimos dois meses dentro do campus por homens desconhecidos. "A gente nem comunica mais à segurança."
Há uma semana, outra funcionária da lanchonete foi estuprada do lado de fora do campus, a poucos metros do portão.
Rede de informações
Foi a experiência de quem já sofreu cinco assaltos na USP que evitou um prejuízo maior para Maria Lúcia Caipe Siberi, concessionária de outra lanchonete no campus.
Na quarta-feira, quando três rapazes roubaram o caixa da lanchonete, às 12h, ela tinha acabado de fazer uma coleta na registradora. "Em horário de pico não é bom relaxar."
"Macetes" como esse são difundidos entre os comerciantes do campus. "A gente passa informação de um para outro. Quando sou assaltada, aviso outras lanchonetes, livrarias, todo mundo que conheço no campus."
Entre os estudantes, a menção da morte do comerciante desperta o interesse de todos.
"Acho preocupante que o campus seja uma coisa fora da cidade. Não estou defendendo a entrada da PM ou a segurança da USP, mas não tem segurança aqui", diz o estudante Rodrigo Sousa Lima Mercadante, da ECA.
Problema social
Otávio Martins, 25, que trabalha temporariamente na USP, diz que ações de policiamento não resolvem porque o problema, segundo ele, é social.
Luciana Pareja Morbiato, 18, aluna de artes cênicas, que ontem vestia branco em adesão a uma manifestação contra a violência, diz que a insegurança "não é só na ECA (onde foi morto o comerciante). A coisa está começando a incomodar a classe média".

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