São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996
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Secretário afirma que não há crise no HC

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Estado da Saúde, José da Silva Guedes, considera que "não há crise no Hospital das Clínicas", que a redução de leitos significa uma racionalização dos serviços e que o número de atendimentos vêm aumentando.
"Nossa obrigação é cobrar uma economia de gastos", afirmou ontem. Na quinta-feira, o presidente do Conselho Deliberativo do HC e diretor da Faculdade de Medicina, Marcelo Marcondes, tinha anunciado à Folha a decisão de fechar 171 leitos em função do corte de verbas por parte do Estado.
O HC tem cerca de 2.000 leitos, 800 deles no Instituto Central, onde deverão ser feitos os cortes de leitos anunciados. Segundo os dados de Marcondes, a secretaria reduziu de R$ 360 milhões para R$ 240 milhões os recursos destinados ao HC no último ano.
Para o secretário Guedes, o hospital vem recebendo o dinheiro necessário. Somando a verba do governo e aquela repassada pelo SUS, significa quase R$ 1 milhão por dia. "Não se trata de uma instituição que vive à míngua", afirmou.
Segundo seus dados, entre 1995 e 1996, houve uma redução de 9% no total das verbas. O número total de atendimentos, no entanto, vem crescendo, ele afirma. Foram 564 mil atendimentos por mês em 94, 607 mil em 95 e a média mensal deste ano chega a 625 mil.
Guedes afirmou que o governador do Estado já autorizou a contratação de 880 funcionários e que outros cem já teriam sido contratados. De janeiro de 1995 até agora, o hospital perdeu cerca de 1.700 funcionários.
Segundo o secretário, foi o próprio hospital que solicitou a reposição de 880. Da mesma forma, o corte de leitos atenderia a um estudo das necessidades de clínica por clínica, realizado pela administração do hospital.
"Não estamos descontentes com a administração do HC e sabemos da qualidade dos serviços de sua equipe. Mas é possível reduzir custos sem diminuir a qualidade e o número de atendimentos."
Sandra Maria Mariano, diretora do Sindsaúde -sindicato que reúne trabalhadores públicos da saúde- diz que o corte de verbas para o HC faz parte de "uma política de desmanche da saúde pública"."Depois de reduzir o número de leitos, o próximo passo será repassar os serviços para a iniciativa privada", afirmou.

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