São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996
Próximo Texto | Índice

Preços param de cair em São Paulo

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A forte queda dos preços em agosto e na primeira quinzena de setembro, mostrada por todos os índices de inflação, pode estar chegando ao fim.
Após várias semanas em declínio, os preços praticados por supermercados e hipermercados de São Paulo pararam de cair.
Nesta semana, os hipermercados reajustaram seus preços em 0,79%, a maior taxa das últimas 21 semanas, conforme pesquisa do Datafolha. Os preços estavam em queda há seis semanas seguidas.
Massas, cereais e hortifrútis foram os responsáveis pela alta. Outros produtos industrializados, inclusive alimentos, tiveram pouca variação de preço.
Nos supermercados, na média, os preços ficaram estáveis. Houve reajuste de apenas 0,02%. A liderança dos aumentos foi para massas e feijão.
Os dados são do Datafolha, que pesquisa cem itens em 18 supermercados e 18 hipermercados de São Paulo. Nesta semana foram feitas 7.183 tomadas de preços.
O movimento atual dos preços no varejo ainda será incorporado pelos índices de inflação nas próximas semanas.
A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo), por exemplo, trabalha com média móvel de preços de quatro semanas em relação às quatro anteriores. A entrada total do aumento dos preços no índice demora quatro semanas.
Marcelo Allain, diretor de análise econômica do BMC, diz que as taxas de inflação são baixas, mas as pressões de queda estão acabando. Ele acredita, inclusive, que a taxa da Fipe não fique abaixo de zero em setembro.
Dois fatores motivaram a queda dos preços em agosto e setembro, segundo Allain: a ausência de entressafra, que provocou queda nos preços dos alimentos, e as promoções nos supermercados, devido ao aniversário de algumas redes.
Ajuste para cima
O movimento dos preços, agora, será de ajuste -para cima. Só o fato de os preços pararem de cair é suficiente para, estatisticamente, segurar os índices de inflação. Quando voltam aos patamares anteriores, passam a pressioná-los.
É o caso dos produtos "in natura", diz Allain. A Fipe registrou queda de 3,24% na segunda quadrissemana para esses produtos, tendência que pode não persistir nas próximas. De fato, os produtos que mais subiram nesta semana foram os hortifrútis, segundo a pesquisa do Datafolha.
Para Allain, a queda da inflação brasileira se dá em contexto diferente do que ocorreu na Argentina.
Aqui, os preços estão estáveis, e até em queda, devido à intensa competição do varejo e das indústrias, mas o consumidor ainda tem renda.
Na Argentina, a deflação é persistente devido à queda de poder aquisitivo dos consumidores.
Praticamente todos os institutos de pesquisa começaram a detectar forte queda nos preços em setembro, mas, na opinião do secretário de Política Ecônomica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça e Barros, o fato de a inflação estar beirando zero não quer dizer que a economia esteja estagnada.

Próximo Texto: Pesquisa do IBGE registra recuperação em julho
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.