São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996
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Surf music deixa o gueto, vira hype e decola no Brasil

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

A surf music está com tudo. De novo. O gênero eternamente jovem vive momento de glória, com hypes legítimos detonados em toda parte do mundo. Da Finlândia à Califórnia; no Rio e em São Paulo.
A onda partiu da trilha sonora do filme "Pulp Fiction" (94). De lá até agora, grupos antes obscuros ganham visibilidade, como é o caso da banda norte-americana Man or Astro Man?, e a surf music deixa os redutos de surfistas para aparecer simplesmente como boa música para consumo dos "twenty-somethings".
Cheia de guitarras, basicamente instrumental, leve e de batida rápida, baixo marcante e um pouquinho de teclados, a surf music teve seu primeiro estouro nos anos 60 (leia texto abaixo). A juventude dourada da Califórnia era a principal imagem associada a esse som.
Prova da perenidade da surf music é o fato de muitos grupos regravarem faixas clássicas do gênero, dentro dessa coqueluche atual.
Uma caixa com quatro horas de surf music recém-lançada pela Rhino e batizada de "Cowabunga!" (grito de guerra de surfistas) coroa a febre atual, cobrindo o período 1960-1995.
"Tem mesmo um revival acontecendo", decreta Fabio Massari, 32 anos completados ontem, expert e VJ da MTV. "Há uns seis sete anos teve um; agora outro. Os anos 90 são mesmo a década das voltas."
Para Massari, a surf music conquista "pelo entusiasmo, pela estrutura de embalo, da batida que pega no peito".
No Brasil o gênero vai decolando. Duas bandas têm seu som associados ao estilo -o trio paulistano Os Ostras, que acaba de lançar seu primeiro disco pela Excelente/PolyGram, e o Los Sea Dux.
Enquanto Os Ostras temperam o estilo com pitadas de breguice e se preparam para show de lançamento do álbum dia 9 de outubro no Blen Blen Club, o Sea Dux ganha terreno na cena descolada de SP.
Formada há cinco anos, a banda executou ao vivo a trilha sonora do desfile de verão do estilista Marcelo Sommer (igualmente descolado), nesta temporada.
Neste fim-de-semana, filma seu primeiro clipe e tem em fase de mixagem um compacto em vinil com três faixas. São elas "Funk UFO", "Red Monkey" (regravação) e "Martians Go Home".
Cheia de atitude e estilo, a banda é formada por Alex (bateria), Basa (sax), Guilherme Sapão (trompete), Avenal (guitarra), Rick Fernandez (baixo), Conversa Johnson (percussão), Rodrigo e MZK (ambos nas maracas e nos vocais).
Mauricio Zuffo Kuhlmann (o MZK), 27, cita como influências da banda mestres da surf music como Dick Dale e Link Wray. O som do Los Sea Dux passou a receber também toques de funk e de ska.
MZK amplia os horizontes do Los Sea Dux a partir desta semana: acaba de inaugurar a noite Taboo Tropical Nights, às terças-feiras no espaço Retrô. No som, MZK vai tocar surf music, funk, "meio jazz" e latin jazz.
Outro ponto certo para fãs da surf music é o bar Brancaleone, na Vila Madalena. Às segundas-feiras, na noite Black no Branca, uma salada de ritmos abre espaço também para a surf music. "Dá para dançar, é gostoso", justifica o proprietário, Marcelo Camolesi, 30.

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