São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
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Artistas e obras são prioridades

DA REPORTAGEM LOCAL

Selecionados os 62 artistas para a mostra "Antarctica Artes com a Folha", Isabella Prata, responsável pela curadoria do projeto, avalia a repercussão do evento, a seleção dos artistas e as dificuldades enfrentadas por essa iniciativa inédita no país.
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Folha - Qual foi o maior problema que o projeto "Antarctica Artes com a Folha" enfrentou?
Isabella Prata - Pesou sobre o projeto o preenchimento de uma lacuna enorme. Tivemos que trabalhar com a idéia de que era um projeto, que não podia ultrapassar suas limitações e dificuldades. Foi a primeira vez que um levantamento desse tipo saiu do eixo Rio-São Paulo.
Folha - Como foi solucionada a equação existente entre a necessidade de se fazer uma seleção nacional de artistas e a previsível predominância do eixo Sul-Sudeste?
Prata - A concentração nos grandes centros -São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte- é uma resultante inevitável de um fluxo que busca centros de maior estrutura. Muitos dos artistas moram em São Paulo, mas vieram de outras cidades em busca de condições para desenvolver seu trabalho.
Mas apenas o mapeamento feito já foi importante para saber em que situação não apenas o artista se encontra, mas também o curador, o crítico, a imprensa, o público, o patrocinador e o governo. Esse conjunto é muito complicado, e seu equilíbrio muito difícil. E esse conjunto -fundamental para a arte contemporânea- é pouco exercitado no Brasil.
Folha - Essa falta de uma estrutura, a necessidade de limitar o número de selecionados e as diferenças entre os curadores não geraram momentos de tensão?
Prata - Agora sim estamos em um momento tenso. Às vésperas da inauguração, temos que cuidar de todos os detalhes para que tudo funcione. Não houve tensão durante a fase de preparação do projeto e de seleção dos artistas porque todo o projeto foi muito bem organizado.
Folha - Que tipo de limitação foi colocada ao trabalho que o artista deveria apresentar?
Prata - Nenhuma. O artista e sua obra sempre foram as prioridades. O que ele pediu, foi feito. Toda a adequação do espaço foi feita 100% de acordo com a necessidade dos artistas.
Se fossem obras prontas e experimentadas, seria muito mais fácil a instalação. Mas tivemos que atuar junto com os artistas para dar-lhes soluções.
Folha - O projeto vai render algo mais para o artista, além dessa mostra?
Prata - Já está rendendo. Várias galerias e colecionadores já estão procurando os artistas. Alguns já se valorizaram muito no mercado. Acho que o projeto também vai gerar outros incentivos, devido ao seu sucesso já visível. Ele vai despertar muitos patrocinadores em potencial.

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