São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
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'No começo, deu uma melhorada'

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Na lista de presos que diz ter curado, Antonio Carlos Rosa relaciona nomes, número de matrícula e sintomas. As doenças vão de distúrbios intestinais a dores no corpo, bronquite, lepra, diabetes, úlcera e pacientes terminais de Aids.
O preso Rinaldo Aparecido Santana, 27, é um dos doentes de Aids que tomou o "laxante patogênico". O "remédio" só era distribuído a presos dos pavilhões, não a detentos internados no hospital.
"Eu estava me sentindo mal, com fraqueza e febre, quando um colega me apresentou essa pessoa", conta Santana. "Ele dizia que tinha inventado um remédio que poderia me tirar aquelas dores. Me deu um vidro e indicou que eu tomasse duas dessas colheres pela manhã, em jejum. No começo, deu uma melhorada, a diarréia diminuiu, a febre também, me senti com mais coragem."
Santana conta que Carlos Rosa vinha vê-lo quase todos os dias, que "dava uma força" para quem não estava bem. "Ele insistia que eu deveria tomar aquilo por uns dois meses, pelo menos. Mas o gosto de querosene me enjoava o estômago. Na segunda semana, eu não aguentava mais."
Santana está preso há dez anos e sabe que tem Aids desde 1992. Hoje está internado na ala destinada a doentes de Aids do hospital da Penitenciária. Ainda tem mais 2,5 anos de pena para cumprir. "Se o 'coquetel' de remédios for distribuído aqui dentro, ainda vou sair vivo daqui", afirma.
(AB)

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