São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
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Importante é saber qual Viola entra em campo

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Hoje tem Viola no Palmeiras. Mas que Viola? Aquele que imantava a Fiel com seus gols providenciais, embevecia a crítica com seu espírito de equipe e enlouquecia a galera inimiga com suas coreografias inventivas e provocativas?
Ou aquele Viola dos últimos tempos de Corinthians, entre o abúlico e o arrogante, de mãos na cintura após o lance desperdiçado ou estirado no chão antes do lance irrealizado?
Suspeito que nem um nem outro. Apenas alguém procurando seu lugar no tempo e no espaço, o que é natural, posto que mal teve tempo de conhecer seus novos companheiros, quanto mais se entrosar nesse sistema de vertiginoso toque de bola do Palmeiras.
Além do mais, há uma velha tradição no futebol, segundo a qual, em toda estréia de um craque famoso, o time perde.
Sem contar que o adversário desta noite começa a se insinuar como a asa negra do Palmeiras, espécie de substituto do Grêmio de 95.
Isso por força de seu futebol refinado e traiçoeiro, sustentado lá atrás por Dida, Gilmar e Célio Lúcio, sob o amparo de Ricardinho e em torno de Palhinha, que, na Toca, parece ter reencontrado seus melhores dias de São Paulo.
Acontece, porém, que o técnico Luxemburgo tem realizado na Academia alguns prodígios de eficiência e rapidez no processo de adaptação de recém-chegados.
Quem sabe Viola não será também tocado por essa varinha mágica? Aí, então, teremos um Palmeiras praticamente imbatível novamente.
Sim, porque, a partir daí, além da irreverência de Djalminha e Rincón, da arrancada irresistível de Cafu, da blitz de Luizão, o ataque ganhará também a jogada aérea, perdida com a saída de Rivaldo.
E o futebol, um pouco mais de graça.
*
O jogo desta tarde começou anteontem, com o Corinthians e o Botafogo transformados em bola, chutada daqui pra lá pela falta de entrosamento das autoridades municipais, que liberaram o Pacaembu para, em seguida, interditá-lo, num lance meramente eleitoral.
Ou alguém duvida que o prefeito Paulo Maluf, ao saber que o seu secretário de Esportes, Ivo Carotini, haveria aberto os chamados portões monumentais do estádio ao clássico de hoje, com os entulhos amontoados no tobogã, aproveitou para manter dois coelhos de uma só vez?
Garantiu seu sono de fim-de-semana, ao evitar a criação de um fato político de efeitos imprevisíveis.
Seu candidato lidera as pesquisas de opinião; logo, pra que correr o risco de levar tudo à breca, caso ocorra uma reedição daquela sangrenta manhã de domingo, na decisão de juniores, quando os mesmos entulhos se transformaram em letal munição das torcidas?
Assim, evitou o gol contra, lançou o seu correligionário em profundidade e deu um chute certeiro nos fundilhos do torcedor que está zonzo até agora, procurando o campo onde Corinthians e Botafogo, afinal, jogarão.

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