São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Fanáticos' devotam amor pelos esportes

Colecionar peças se transforma em mania

SÉRGIO KRASELIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O que leva uma pessoa a deixar de lado seus compromissos e se tornar um fanático seguidor de um determinado esporte ou atleta?
No caso da teen Daniella Moretto, 16, foi a boa performance da seleção brasileira masculina de vôlei, que arrebatou uma legião de fãs após a conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 92.
À época com 12 anos, Daniella passou a colecionar recortes de jornais e revistas, além de camisetas dos clubes que concentraram os jogadores da seleção.
A paixão pelo esporte cresceu tanto a ponto de fazê-la repetir de ano na unidade do Colégio Objetivo de Santana (zona norte de São Paulo).
Aconteceu em 1995. Fã do levantador Maurício, do Olympikus, ela passou a acompanhar duas vezes por semana os treinos da equipe, em São Paulo.
Foi fiel até este ano, quando o clube se transferiu para Campinas (99 km a noroeste de São Paulo).
Daniella diz que, no ano passado, durante as férias escolares, deixou de viajar para ir diariamente aos treinos da equipe.
"Em dia de jogo, saía de casa às 7h e só voltava à meia-noite", recorda Daniella.
A maior "loucura", ela conta hoje, foi ter ido sozinha ao Rio de Janeiro, aos 13 anos, assistir um amistoso da seleção brasileira contra a Bulgária.
Foi e voltou de avião, com a autorização dos pais, que acabaram contando com a colaboração de um amigo da família.
Este se responsabilizou em ir buscá-la no aeroporto, levá-la ao ginásio do Maracanãzinho e, após o jogo, conduzi-la de volta ao Santos Dumont.
Dona de uma coleção que reúne pastas com recortes, álbuns com mais de 700 fotos, camisetas, cards, pôsteres, gravações de jogos e entrevistas, Daniella diz que começou a gostar "mesmo" de vôlei em 93, época em que jogava no Clube Nacional.
O maior troféu é uma foto que registra um almoço ao lado de Maurício. "Foi no dia 4 de janeiro de 1995. Eu e uma amiga fomos convidadas para almoçar com ele, que nos deu uma carona. Foi o dia mais feliz da minha vida", conta.
Daniella diz que, devido ao seu fanatismo, acabou se distanciando da família e dos amigos, mas que, hoje, a situação já melhorou.
Prejuízo
Já o garoto Marcos Alexandre Chimizu, 15, devota sua atenção para a NBA, a liga norte-americana de basquete.
Torcedor do LA Lakers, Marcos tem uma turma de dez amigos, a maioria do Colégio Equipe, em Pinheiros (zona sul de São Paulo), todos eles fãs e também jogadores de basquete.
"Cheguei a ficar de recuperação porque, em vez de estudar para uma prova de matemática, preferi assistir a um jogo dos Lakers contra o Chicago Bulls, que valia o título", conta Marcos.
O Lakers perdeu, e ele acabou tendo que correr atrás do prejuízo. Conseguiu passar de ano e hoje está no primeiro ano colegial.
Como todos os garotos da turma, ele tem uma coleção de bonés, cards e camisetas.
Admirador de Shaquille O'Neal, ele diz que seu maior troféu é uma foto de Magic Johnson e sua pasta com recordações do Lakers.
Armador do time de basquete da escola, seu único ídolo brasileiro é o cestinha Oscar.
"Não gosto do basquete brasileiro. Não é tão interessante quanto o da NBA", diz Marcos, que, assim que a temporada da NBA começar, deve se reunir com os amigos para assistir aos jogos. "Sempre fazemos isso", conta.

Texto Anterior: Lei tem problemas
Próximo Texto: FRASES
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.