São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
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Bater na mulher deixa de ser crime na Itália

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os homens italianos já podem bater em suas mulheres -pelo menos ocasionalmente. É o que decidiu na última semana a Corte Suprema do país.
Poderia ser mais um enredo de comédia à italiana, mas não é.
A decisão, que diz respeito ao caso de um ciumento marido siciliano, causou indignação no país.
Em 1990, Anna Mannino chegou ferida ao pronto-socorro da cidade de Capaci (30 km de Palermo, na Sicília), após ser agredida pelo marido, Francesco.
Ele foi julgado e condenado a oito meses de prisão.
Anna, hoje com 40 anos, nunca denunciou o marido, com quem tem quatro filhos. Afirma que ele é uma boa pessoa e que agiu num impulso de raiva e ciúme.
Francesco, 42, apelou da sentença. Agora, o tribunal de Palermo, que o condenou, terá de refazer o julgamento, com outra acusação.
Afinal, pela a Cassazione, a violência de Francesco não foi resultado de "uma conduta sistemática ou de subjugação programática".
O texto diz ainda que não houve "vontade de render difícil e mortificante a vida da mulher".
Para Anna Finocchiaro, ministra que cuida da igualdade de condições entre os sexos, o ciúme não pode justificar atos de violência.
"Motivações como ciúme não podem incidir na configuração de um crime", disse à TV italiana.
A vítima, porém, aplaudiu a decisão e espera que o marido seja absolvido no novo julgamento.
A decisão da Justiça deve admitir reciprocidade, isto é, que a mulher possa bater no marido.

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